24/12/2009

Normal

É quando as coisas iam bem que ela sentia-se mal. Mal... tinha tudo fácil, estava enfim sendo reconhecida por todo o seu esforço. Não precisava mostrar serviço. Estranho. Nunca fora tão tranquilo assim. Sentia um vazio, uma vontade de uma discussão para adoçar a vida. Uma vontade de chorar. Encontrava pêlo em ovo para ter motivo de ser triste. Mas as coisas andavam muitíssimo bem, obrigado. Leve tendência depressiva. Mas que coisa... Queria voltar a se sentir do avesso, de ponta cabeça, para querer novamente ser o centro das atenções, querer que alguém a reconhecesse. Chegar no topo não é fácil e quando se consegue tal feito a graça vai embora. Por isso quer tanto ser rica, mas ao mesmo tempo não totalmente. Não quer que a graça diga adeus. Quer o êxtase diário da preocupação, do esforço voluntário, da labuta. Quer permanecer pra sempre no clímax, sem ganhar, sem perder, sem ponto final. Mas também não quer uma vida mediana. Quer o status sem incômodo. Quer ser famosa e que os fãs saibam quando "atrapalhar". Chego na seguinte conclusão: ela só pode ter dupla personalidade.

22/12/2009

Ter ou Não Ter ao invés de Ser ou Não Ser

Fumar um cigarro, ter um carro importado. Uma dose de conhaque, uma garrafa de água mineral sem gelo, por favor. O que é de gosto é regalo da vida.

Sucesso profissional ou engrandecer pessoal. [...] Encarar a vida como efêmera passagem pela Terra ou utilizar-se da expressão "carpe diem" como lema de vida.

A busca da felicidade move pessoas, move a economia, move o consumo. Em busca da felicidade muitos somos e estamos. Mudamos de casa, compramos roupas novas a cada nova estação, fazemos um piquenique.

Alguns acreditam que viemos ao mundo, nascemos, para sermos felizes e a tristeza não nos pertence e somente nos atinge quando estamos com a "imunidade baixa". E alguns de nós, com essa tal "imunidade baixa", para tapar a ferida que é ser infeliz, que é existir, automutilam-se, drogam-se, compram, vendem-se.

Algumas pessoas vivem em um mundo pararelo, no cyber espaço, buscando a felicidade ou criando-a em novos personagens, perfeitos [...]. Criações, aspirações humanas.

Outras pessoas encontram a felicidade em cirurgias plásticas e associam-na a padrões de beleza pré-estabelecidos e atuais.

O que é fato, de um modo geral, é que esse "novo tipo de pessoas" que estamos, gradativamente, nos transformando, tem buscado a felicidade externamente e relacionada sempre ao consumo e à receitas prontas de "Como Viver Sua Vida Da Melhor Maneira Possível Em Dez Lições".

Precisamos ter para ser. Precisamos ter sempre um drique na mão para nos tornar mais sociáveis. Precisamos nos transformar em outras pessoas...

E não nos damos por satisfeitos. Subjugamos tudo que está a nossa volta ao nosso favor, sejam animais, a natureza e até os seres humanos, nossos semelhantes, porém os "inferiores"... tudo isso à nossa mercê. O que nos torna diferente de outros seres? A nossa biologia deve ser melhor mesmo...

O que é importante, enfim, sermos honestos, cidadãos íntegros e de bom caráter ou satisfazer aos nossos requisitos?

Ser honesto, íntegro e bom caráter "não está com nada", é motivo de piada. O mundo, efetivamente, e a felicidade também, pertence aos espertos.

Acabo acreditando que a "humanidade é desumana" e a felicidade que emana de cada um de nós é uma mentira. "Mas ainda temos chance. O Sol nasce pra todos, só não sabe quem não quer."

Vai vendo.

Estamos muito preocupados com as nossas atitudes perante uma sociedade. Somos todos hipócritas, não somos o que verdadeiramente somos ou deveríamos ser. Tanto tato para encobrir uma verdade. Deveríamos ser mais sinceros com a gente mesmo e com as pessoas ao redor. Parar com essa história de colocar panos quentes. Soltar mais as nossas feras. Dar ou indicar simancol pras pessoas sem noção, sabe? Deixamos os outros tomarem conta da nossa vida numa boa (já que não somos capazes de cuidar dela). Palhaçada. Tenho vergonha do que somos. Tenho vergonha e não é alheia. Estou me incluindo nessa patifaria que é viver, que é ter que fingir. Estou cansada de gentinhas, povinho mexeriqueiro, que se diz muito bom, muito correto mas é podre, é sujo, é vil. Uma tem carinha de boa moça, boa esposa, boa mãe. Não passa de uma jararaca, surucucu, suçuarana. Com seus tentáculos e suas unhas bem feitas manipula as pessoas ao seu redor, só quer que a sua vontade seja atendida. Chega do seu papelzinho ridículo. O outro tem que comer o diabo que o pé amassou com o pão e não toma partido nenhum. Prefere viver pacificamente, tendo roupa lavada, comida passada do que efetivamente colocar em risco a sua vida de conforto, no fundo, mas nem tão no fundo assim, infeliz. A outra vivendo em seu mundinho fechado, incrível, com seus paetês coloridos, fingindo também uma felicidade, suportando até onde der, planejando uma fuga de casa para quando encontrar o pote de ouro no final do seu arco-íris onírico. Falar, falar, falar mal. Fala na cara, alivia bem mais. É que me faltou oportunidade. Mas não há de faltar. Então falará.

14/12/2009

Amém

A sociedade do século 20 foi a sociedade do trabalho. A do século 21 é a do procurar trabalho.

Há uma grande preocupação com o desenvolvimento tecnológico, científico e com esse "novo progresso". A população cresce, o trabalho mingua, as oportunidades estreitam-se a poucos. Não criou-se um sistema tecnológico que garanta dignidade, salário (diga-se de passagem decente) e emprego a todos, até agora. E nem vão criar, porque não são máquinas que devem solucionar esses problemas, são cabeças humanas. Como são humanos os que trabalham com máquinas e são os mesmos que as fazem, o que esperar do futuro, se até agora não tivemos soluções nesses aspectos?

Do futuro eu não sei, só sei que temos o atual Papa elogiando o lucro, que não nos torna irmãos, como sistema incancelável e provedor do progresso. (Segundo os Engenheiros do Hawaii, o Papa é pop. Depois dessa devo reiterar que o Papa deixou de ser pop para virar classe média alta.)

Falar de problemas alheios e posicionarmos a favor ou contra, sem ter vivido uma determinada situação, é fácil. Advertir até o Ministério da Saúde adverte. A prática é que é difícil.

Faz tempo nos tornamos Super Heróis. Aprendemos a enfrentar chuvas e sóis, filas de banco, INSS, SUS, agências de emprego. O Brasileiro, é antes de tudo, um forte. Os antropólogos, sociólogos, filósofos, nutrólogos e o Papa que me desculpem, mas pais e mães de família querem visibilidade, querem inteiro e não pela metade, querem ser felizes também, querem "tapar os buracos" nos estômagos próprios e de seus filhos. Sem "papo furado", por favor. Por mais Super Heróis que tenhamos nos tornado ainda não aprendemos a fazer milagre.

A globalização é a velha onda, o império do capital faz a sua rotineira ronda. Não há nada de novo. Temos o tripé da sociedade do século 21: ou nos acostumamos com a nossa situação de correria, desemprego, concorrência, ou nos cansamos e nos desviamos do "bom caminho", ficamos à margem, deixamos de ser "o sorriso da sociedade" e utilizamo-nos do crime, da ilegalidade para sobreviver, ou então e por último rogamos assim:
- Papa, olhe por nóis. Pede pro seu 'Deus' multiplicar os pão? Amém.



Usei coletânea própria de outros textos que fiz, usei um trecho da música Globalização que eu postarei num próximo post. Esse texto foi o que lembrei do que escrevi na prova da UFSCAR ontem, faltaram alguns trechos... não lembro .-.

12/12/2009

Discurso de formatura

Conseguimos, eu e a Bruna, escrever o nosso texto de oradoras de turma. Ficou do jeito que queríamos, e bom, eu sou suspeita pra falar, mas gostei muito. O problema, hehe, é que eu não consegui ler plenamente. Acabei me emocionando no meio do discurso e chorei. Ok, sem mais lamúrias, segue o texto logo aí embaixo. O que tá escrito (Nati) foi eu quem escrevi, o que tá (Bru) foi a Bruna.


(NATI) Boa noite Senhores Diretores, Caros Professores, Queridos Pais e Familiares, "MENINOS, MENINAS E ETC".

(BRU) Queremos, neste encerramento, não definitivo, mas o início de uma nova etapa em nossa vida, agradecer em primeiro lugar a Deus, aos nossos pais, que nos colocaram neste mundo, aos nossos mestres, todos, sem exceção, incluindo-se aí a Direção e os funcionários desta entidade pelo nosso engrandecer no aprendizado.

(NATI) De tudo houve um começo. Passamos pelo Cotil feito “bixos” doidos por conhecer, por viver, na ânsia de ultrapassar provas, dias, férias...
Não demos pelo fim.
E aqui estamos hoje feito homens, mulheres, quase técnicos, muito mais humanos.

(BRU) A mudança como em tudo no início foi difícil, e como é difícil chegar a este final tão feliz, tão esperado, e que hoje queríamos que fosse uma eternidade. Vamos todos juntos viver a vida procurando sempre o melhor em tudo, e fazer do futuro que temos pela frente um mundo cada vez melhor.

(NATI) Para mim é sempre ontem. A saudade, o sonho de passar no Cotil, o primeiro dia de aula, o trote...
Não tenho o amanhã. Como é que eu vou falar do amanhã se eu mesma tão pouco o sei?

(BRU) Parece brincadeira, mas o tempo faz isso com a gente: contagem regressiva para iniciar o ensino médio (ah! como foi duro e bom esse caminho); contagem regressiva para as primeiras experiências como técnicos: feiras, viagens; contagem para aquele churrasco, o primeiro de tantos outros; contagem para a final do Cotil Arte, com os dons de cada participante se aflorando e dando um ar artístico ao nosso cotidiano; contagem para Porto Seguro, axé, balada e alegria, (nossa, assim essa saudade me mata); contagem para as primeiras decisões e contatos com o mercado de trabalho: vestibulares, entrevistas, estágios.
Por mais que a gente queira, o tempo nunca para, pois é a roda da vida e cabe a nós todos aproveitar cada momento da melhor maneira possível.

(NATI) O que será de nós? Acordar cedo sem um propósito... Poder dormir até tarde... Começar um novo ciclo. Só posso desejar boa sorte.
O tempo, que aos outros que pelo Cotil passaram, fugiu. Caiu sobre nós agora.
O Cotil é uma escola que teria tudo para separar as pessoas, pois cada um é de uma cidade, tem sotaque diferente, visões diferentes... Mas o que acontece na prática é que, dia após dia, as relações se estreitaram mais.

(BRU) A dor de barriga diante daquela prova de topografia, o desejo insaciável de terminar aquele projeto de concreto armado,

(NATI) a sequela que aquela prova de estrutura de dados deixou, a tremedeira antes de entrar no centro cirúrgico pela primeira vez, a decoreba inevitável de alguns itens de uma norma,

(BRU) aquela pressa para terminar o trabalho de campo sob aquele sol ardente, e aquele tcc? Deu um trabalho danado para fazer aquela ponte rolante...

(NATI) Essas entre outras situações cotidianas só fizeram aumentar o companheirismo, a união, a amizade.

(BRU) Esse compartilhamento de sabedorias e vivências fez toda a diferença.

(NATI) Para alguns o Cotil é mais que uma escola; é casa, é refúgio, é o melhor lugar do mundo! Os amigos são bem mais que amigos, são irmãos, são família, uma parte quase vital de cada um.
Em momentos como estes, precisamos ter amigos como esses. A dor, eu sei, é grande e o vazio é enorme, mas faz parte deste ciclo não tem nada a ver com sorte.
Ergam suas taças e façamos um brinde. Nós iremos partir. Longo será o caminho a seguir e nada será como costuma ser. Nada vai ser fácil pra você, nada vai ser fácil pra nós.
Já passou o tempo de se arrepender, a reta já chegou ao final. Agora eu quero que a estrada venha sempre até você e que o vento esteja sempre a seu favor. Quero que haja sempre uma cerveja em sua mão e que esteja ao seu lado, seu grande amor.
Eu “não sei se a vida é curta ou longa demais para nós, mais que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas”.
Eu me despeço de todos vocês, muitos aqui não verei outra vez. Fora o inverno e o tempo ruim, eu não sei o que espera por mim, mas, sinceramente, pouco importa o que venha a ser se eu tiver um dia a quem dizer que valeu a pena cada minuto, cada conversa, cada truco na cantina, cada bandejada... Tá, bandejão nem tanto...

(BRU) Agora nos vem a pergunta: por que encher a boca para falar desta escola? Talvez porque nesses três anos muita coisa mudou na nossa vida e mudou para melhor, talvez porque crescemos e amadurecemos ou talvez porque descobrimos tantos amigos. Mas, na verdade, a resposta correta para essa pergunta é: "PORQUE COTIL É MAIS LEGAL".

(NATI) Se pudéssemos guardar as pessoas num pote para tê-las sempre por perto, guardaríamos aquele garoto, aquele bombom... entre outras jóias. Olharíamos pro pote e perguntaríamos para as pessoas dentro dele: "FICOU LEGAL? ALGUMA CONSIDERAÇÃO QUE VOCÊ TENHA A FAZER?" Às sextas feiras diríamos: "BOM FINAL DE SEMANA, DIVIRTAM-SE E CUIDADO!".

(BRU) Por que será que tem que ser assim? A gente gosta, a gente ama, a gente cuida! E o tempo faz verdade nos teus olhos, deixa ver, solidão abusa. Foi tão bonito, tão intenso, tão maravilhoso cada segundo, e a vida nos revela cada dia uma nova cena de um outro mundo.
Se chega, me beija, me olha nos olhos e me diz então: Valeu, foi bom, Adeus!
Não vou chorar, nem vou me arrepender, foi eterno enquanto durou, foi sincero o nosso amor, mas chegou ao fim (2x)

20/11/2009

É sempre assim...

Chegou meu livro: O Escafandro e a Borboleta.
Já tinha dois anos que um colega havia me indicado, mas só agora comprei; em primeiro lugar só comprei agora porque esqueci ao longo do tempo, em segundo lugar só comprei agora porque no Submarino (quero ganhar pelo Merchan...) estava baratinho e eu não podia perder a oportunidade.
Bom, comecei então a ler e ao descobrir, página a página, a profundeza do que se tratava o livro fiquei emocionada. É mais superação do que a de Joseph Climber. Só para que vocês saibam do que se trata, o livro é a história real, escrita através de movimentos do olho esquerdo (única parte do corpo que se mexia), de Jean-Dominique Bauby, que sofreu um AVC e teve as funções motoras deterioradas. No decorrer das páginas ele nos envolve no seu cotidiano e nos mostra o verdadeiro sentido que pequenas coisas possuem e que não damos valor. Além disso, ele mergulha com seu escafandro no nosso psicológico, mostrando que por muitas vezes não damos a devida atenção a algumas pessoas e que isso poderia ser diferente se mudássemos (ou quiséssemos mudar) um pouco nossos atos. Belíssimo!

É sempre assim, sinto-me tocada depois que leio uma coisa dessas, ou vejo cadeirantes, aleijados, pessoas queimadas, deformadas e etc com aquela alegria de viver, aquela independência, aquela força, aquela atitude, esbanjando sorrisos e um monte de vibrações positivas. E por que não esbanjar, não é verdade? São seres humanos como qualquer um de nós, não é porque têm uma ou outra particularidade que os diferencie da maioria que eles são inferiores ou piores. São pessoas com sentimento, com direitos (até maiores que os nossos e que por muitas vezes não são respeitados ou cumpridos). Enfim, são pessoas que dão lição de moral sem precisar abrir a boca!
O fato é que é mesmo com tudo isso, todos esses exemplos, todas essas histórias, a gente, aquela maioria das pessoas, ainda reclama de ter tudo perfeito, todos os membros perfeitos. Não gosto do meu cabelo, do meu joelho, do meu braço, do meu pescoço, meu pênis podia ser maior, meu peito não é sarado, minha bunda tem estria... nunca está bom! Não me isento dessas reclamações, vivo de regime, minha letra é feia, meu cabelo poderia crescer mais rápido e assim por diante... Nunca paro para agradecer por ser saudável, por ter mãos pra escrever e assim por diante...
É sempre assim...
Precisamos agradecer mais, precisamos nos dar conta disso mais vezes.
Eu preciso... e você?

14/11/2009

Mas faz parte dessa vida

Final dos tempos, digo, do terceiro ano da melhor escola de todo o mundo. Ah, que delícia poder acordar tarde, não ter que aturar aquela professora enfadonha, aquele professor de constante tpm... ô delícia!
Mentira. Tô morrendo por dentro, tô querendo voltar a ser bixete, fazer novas amizades, redescobrir as que eu já tenho, guardar todo mundo dentro de um potinho, dizer eu te amo praquele professor (o da tpm). Pra onde vou depois daqui? O que será de mim?
Na vida não poderei matar aula, no estágio não vou poder almoçar na rep, não vou poder organizar uma festa com o dinheiro da empresa...
Não é que eu esteja sofrendo antes do tempo, é o tempo que tem me feito sofrer. Tá acabando, poxa! Três anos dentro de um ovo, protegidinha dos peridos de lá de fora, vivendo no meu mundinho fechado, mesmo tendo 19 anos sinto ter 15. Como é que vou pular dos 15 pros 20? Encarar chefe, encarar compromissos seríssimos, comprometimento, tarefas, prazos.
Okay, sem mais lamúrias...
O fato desta postagem é simples. Não sei bem o quê escrever no meu texto de oradora de turma.
Vasculhando velhos escritos encontrei este texto daí de baixo que foi feito no primeiro ano desta referida escola. O nosso professor de português pediu que escrevessemos um texto de orador de turma, imaginando como seria ter passado pelo ensino médio... e bom, diante de tamanha falta de criatividade, ou melhor, incompetência pra conseguir passar pro papel as coisas mais importantes e marcantes dos três anos vividos, ou talvez medo de começar a escrever e pedir pra sair (chorando muito), eu vou postar o texto só pra mostrar o quão vazio e superficial ficou o do primeiro ano, já que eu não tinha passado por nada do que passei. Entendam meu desespero.
E aqui vai...

Confesso que quando fui escolhida para fazer este discurso, me senti incapacitada diante de tal grandeza, mas decidi fazê-lo por amor aos meus colegas de turma que nesse momento, estão assim como eu, muito felizes e nervosos. (bleeeergh, que horror)
Foram três anos. Parece muito, mas na verdade, analisando a estrada toda que cada um de nós temos pela frente, é muito pouco.
Independente de tempo e dos caminhos que serão seguidos, foi intensamente especial compartilhar momentos de alegria e de tristeza, a cada dia que passou e que só fizeram aumentar a amizade e o companheirismo entre todos nós. (discurso petista)
Tememos provas, contamos piadas, erramos bastante e sempre esperamos ansiosamente por férias. (e aqui estão as definitivas :( snif...)
E agora que chegou o grande dia (boa, Nati!), dia em que tiraremos férias prolongadas e que depois disso não teremos mais preocupação com presença em sala de aula, trabalhos a fazer, semana de provas, enfim, a nossa maior vontade é de voltar tudo pro começo. Naquele momento inicial em que ninguém se conhecia e o silêncio pairava no ar.
Aos poucos aprendemos as limitações de cada um, as amizades se consolidaram, os professores já não eram como estranhos, mais sim uma parte de nós (ou não) e a relação era sempre de respeito mútuo. (diga isso à professora enfadonha ou ao professor da tpm)
Nossa formação nos tornou muito diferentes do que um dia já fomos e hoje temos capacidade e responsabilidade suficiente para cuidar de um futuro melhor e respeitar o ser e a sua maneira de ver o mundo. (Meu Deus, Natália para presidente)
Não acaba por aqui, mas fiquei com vergonha de colocar o resto...

Podem rir, mas riam com força. Eu ri (muito!)
Enfim, o discurso de agora TEM que ser decente.

07/11/2009

Reino (ou reinado) Animal


Lula: molusco marinho da classe dos cefalópodes.
Os cefalópodes, que estão entre os invertebrados mais inteligentes (Bolsa Família, Bolsa Escola, Bolsa Alimentação...) e mais rápidos (Só viajam de jatinho), apresentam o corpo dividido em cabeça (possui?), massa visceral e tentáculos (aqui, entende-se 19 dedos).

31/10/2009

"Cuidando" dos nossos semelhantes

Desde os primeiros tempos os seres humanos precisaram encontrar uma forma harmoniosa para viver entre os seus parentes e as demais pessoas ao redor. Dentro de cada família, por exemplo, há um código de conduta que rege todos os atos e cada família também possui seu modo específico de educar os seus filhos: umas educam com amor, outras com severidade, outras sabendo dosar um pouco dos dois. Como aquele ditado que diz que "em briga de marido e mulher ninguém mete a colher" com a criação dos filhos é a mesma coisa.
O problema maior dos seres humanos, na verdade de alguns, não está relacionado ao fato de criar os próprios filhos como querem, mas em se intrometerem na criação do filho de outrem. E quando eu escrevo isso não quero dizer no sentido literal mas no sentido de julgar as atitudes dos pais para com os filhos.
Exemplo dessa intromissão é o caso recente em que um turista italiano foi preso por beijar nos lábios a filha de 8 anos. Vejam bem, um "selinho", uma forma inocente que se usa na família deles para demonstrar afeto. Para muitas pessoas, o selinho tem forte conotação sexual, principalmente entre pais e filhos. Então eu me pergunto, como é que Carla Perez, Sheila Carvalho e Mulher Melancia estão soltas por aí? Ditaram e ditam novas formas de dançar e atingem principalmente o público infantil com seus temas no havaí, na floresta, na pegada do bambolê, dança da garrafa, do créu e assim por diante... (acabo acreditando que tais temas nada tiveram de apelo sexual...)
Estão soltas por aí... mas, afinal de contas, confundir música com sexo é um risco, não é? Ainda mais na idade em que os desejos crescem. Estão soltas por aí e amor explícito entre pais e filhos não pode, implícito em músicas desse escalão pode!
Outro caso de intromissão ocorreu quando um jovem beijava a mãe na rua e algumas pessoas sugeriram, maldosamente, que não eram parentes. Ele foi acusado de delito, parecido com o turista italiano, e bem, aqui eu afirmo que o problema maior não foi o selinho, mas sim um outro, seríssimo, o preconceito. O jovem, 17 anos, é negro, a mãe, branca.
Se já o universo familiar de cada um de nós tem problemas demais é melhor pararmos de procurar pêlo em ovo, se é que vocês me entendem.
Enquanto não dermos um fim aos nossos mais primitivos preconceitos e conceitos de "qualquer espécie" não poderemos ser juízes de vidas alheias, porque simplesmente não somos imparciais, ou melhor, não somos perfeitos.

23/10/2009

Mais que um verbo, é ser ou estar.

Acorda. Olha no espelho. Vê um monstro. Senta na cama. Diz pra si que não comerá doces hoje. Quer emagrecer mas não pra ela. Medo do que os outros vão achar, medo do que ela acha que eles acham. Não coloca shortinho se não tem as pernas depiladas. Não coloca aquela blusinha nadador porque tem marcas de sutiã queimadas de sol nas costas. Não é legal sair assim, né?. Se incomoda se faz chuva ou sol e simplesmente não vive os dias em função dos dias, mas em função do seu cabelo, dele estar bom, em outras palavras liso, ou não. O que pensa sobre ser alguém foi deturpado pela mídia. O bonito é a roupa do shopping, o tênis mais caro, o celular de última geração. Seu consciente sabe que o bonito não existe na verdade, o que existe é o status que o material lhe traz. A modelo da revista é ideal. O rosto dela seria per-fei-to se pudesse fazer os efeitos do photoshop no dia-a-dia, assim como faz em todas as suas fotografias antes de colocar no orkut. É um escândalo em pessoa. Sua vida só faz sentido se ela for notícia por algum momento. Se alimenta de uma popularidade forçada. Sobe os degraus da vida passando por cima de algumas pessoas ditas inferiores por ela. Amizade só se gerar lucro e se houver interesse. Tem cara de santinha mas as aparências enganam. Sabe grandemente se camuflar em todos os meios de convívio social. Sabe manipular muito bem as pessoas para conseguir o que quer. É a rainha da lábia. A rainha do discurso. No baile funk, a boladona. Nas noites com seu salto alto, seu lápis, batom vermelho e seu rímel, ninguém segura. Quando chega em casa passa de mansinho pelo corredor para não acordar seus pais. No seu quarto rosa, cheio de bichinhos de pelúcia na prateleira, a foto da sua vó, do seu ex namorado, das suas amigas de colégio que viveram junto dela os momentos mais felizes a fazem chorar. Coloca a cabeça no travesseiro. No teto as estrelinhas coladas bilham mais que ela.

02/10/2009

Pressão psicológica disfarçada

O meu tempo não é igual ao dos meus pais. Hoje eu devo falar inglês e espanhol, no mínimo. Hoje eu devo fazer faculdades, pós graduações, especializações. O meu tempo é outro, a globalização é a velha onda, o império do Capital faz a sua rotineira ronda e não há nada de novo. Ou nos adaptamos ou...

Já faz tempo nos tornamos super heróis. Tivemos que encontrar meios de sobreviver, viver, estudar, acompanhar inovações tecnológicas, trabalhar e até mesmo respirar e aceitar que estamos sendo trocados por máquinas. Entregar no prazo, não chegar atrasado, não matar, não roubar.

Fazer o que o mercado de trabalho nos impõe, sermos os robôs ideais, seguirmos pela porta estreita do caminho de Deus, sermos formados em boas universidades não traz exatamente o que precisamos, ou seja, a felicidade ou o emprego ideal, aquele dos sonhos. Por mais super heróis que sejamos ainda não conseguimos fazer tudo o que queremos. Portas não se abrem, crises nos atacam...

Concorrência, desigualdade social e mais inúmeros fatores fazem com que muitas pessoas percam seus sonhos e, consequentemente, sua vida. Sem vida, sem trabalho, sem honra. Têm muitos doutores formados em garis. Tem muita gente querendo ser gente. Tem muita gente mudando para o mundo e eu me pergunto "pra quê?". Tem muita gente morrendo mas que continua viva. Desse jeito não dá para ser feliz. Ou nos adaptamos ou... nos cansamos de ser éticos, íntegros, cidadãos solidários, respeitosos e sensíveis e fazemos como a formiguinha do conto de La Fontaine faria nos dias de hoje, mandamos todas essas regras de conduta e desafios e exigências impostas pelo mercado de trabalho para a puta que o pariu. Pelo menos vamos ter uma cela separada, comida, teto...

15/09/2009

Eu sei que a vida devia ser bem melhor e será.

Muitas pessoas dedicam a vida a estudar sobre a vida propriamente dita. De onde viemos e para onde vamos, ser ou não ser, estas são as questões. Pensemos, por exemplo, em Charles Darwin e em sua teoria da evolução dos seres.

Vivemos em busca de respostas, não só para a vida, mas também para o universo e tudo mais.

Aprendemos a encontrar soluções para algumas questões aparentemente sem resposta mediante uma situação de necessidade, ou no palavreado popular, “aprendemos a nos virar nos 30”.

Tanto os seres humanos, como os seres vivos em geral, precisam adaptar-se ao meio ambiente para garantir sua sobrevivência e eis que, pelos menos para nós, que estamos no topo da cadeia alimentar, seres ("superiores") humanos, quando menos “levamos fé” e acreditamos na superação surge um exemplo de resistência e força que nos mostra até que ponto um ser vivo pode aguentar e superar seus limites. O que uma mãe é capaz de fazer por seu filho que corre perigo? Ela é capaz de levantar um caminhão, se preciso for. São exemplos como esses que fazem pensar o porquê de estarmos aqui, no planeta Terra, vivendo, respirando, exercendo um papel (fundamental?) na sociedade.

Erramos muitas vezes, sentindo como se fôssemos os donos do mundo, passando por cima de alguns, prejudicando outros, molestando inocentes, molestando a natureza, tudo para quê? Para deixar a NOSSA vida melhor; para satisfazer aos nossos requisitos; para saciar a nossa sede de poder. Acreditamos que o nosso papel fundamental aqui na Terra é deixar todas as coisas à nossa mercê, à nossa comodidade... não preciso falar da escravidão, da exploração de trabalho e da jornada, do trabalho infantil, da burrocracia, quero dizer, da burocracia.

A resposta para a vida, para o nosso propósito, tem se resumido à exploração, ao jogo de interesses, onde quem ganha é sempre quem tem mais bens. Não é que eu queira que viremos bixos-grilos e filosofemos em busca da nossa verdade, só queria que as velhas questões, as velhas perguntas que a humanidade não cessa em procurar fossem buscadas com mais respeito. Respeito para os que estão por vir e que podem sim, fazer o que não conseguimos fazer.
A procura por respostas universais traz consigo uma bagagem de aprendizagem. Clones, teletransporte, cura de doenças, comunicação, contestação de antigas crenças. Traz também alguns fracassos, mas como diz aquela frase “VIVENDO E APRENDENDO, ERRANDO E SE FODENDO”, acredito que no final das contas o que vale é o proveito que se pode tirar de determinadas situações ruins.

11/09/2009

Qualidade? Faça-me rir...

Estou decepcionada com o atual curso técnico que faço. O curso em si seria ótimo se não fossem problemas internos de gerenciamento, direção etc. Briguinhas entre professores, falta de reuniões, nenhum comprometimento com os alunos, falsidade.

O curso é ministrado dentro de uma famosa instituição de ensino. Não a culpo, até mesmo porque não é possível supervisionar todos os cursos de forma geral, mas culpo SIM e jogo TODAS AS PEDRAS na administração do curso, nos pseudos chefes de departamento. Muita gente querendo mandar ao mesmo tempo. E bom, as coisas funcionariam muito bem se as pessoas não estivessem acomodadas, se tivessem VONTADE de ensinar e não estivessem preocupadas apenas com o salário na conta no final do mês.

A situação é tão decadente e o curso está tão varzeado que temos um professor que todo semestre passa a mesma matéria na lousa. E isso já faz 2 anos e meio.

QUALIDADE É O GRAU NO QUAL UM CONJUNTO DE CARACTERÍSTICAS INERENTES SATISFAZEM A REQUISITOS. Onde está a qualidade do meu curso? Não satisfazem aos meus requisitos de uma boa formação técnica, no mínimo decente. De zero a 10, minha nota é -1. A do MEC, se tivesse, seria o conjunto vazio.

O bom é que um ou dois professores salvam. Dos outros eu quero distância.

06/09/2009

Sem mais, N.C.B.

Campinas, 21 de agosto de 2009.

À Jornalista Anna Paula Buchala:

Li no site da revista Veja uma matéria que você escreveu sobre nós, adolescentes. Tenho que discordar de você quando coloca que “os adolescentes de hoje são pouco idealistas e estão bastante desorientados”, por estarmos “inseridos nesse mundo digital”. Nós somos o futuro da nação. Geração corta e cola. Caso você queira ou não.
Que passamos boa parte do dia entretidos com videogames, conectados na internet ou falando em nossos celulares é bem verdade. Mas isso porque nascemos numa época diferente da sua. Você há de concordar comigo que na sua época, por exemplo, os adolescentes não precisavam amadurecer diante dos perigos de uma criminalidade desatada. Você pôde soltar pipa, jogar bola na rua, ser uma criança ingênua...
Somos filhos da Revolução Tecnológica. Com ela vamos mudar o mundo. E quem não embarcar conosco agora corre o risco de perder o emprego.
Apesar de ser só uma em meio a aproximadamente 1 bilhão de adolescentes no mundo todo tenho um sonho, escrevo melhor, um ideal: ajudar a consertar os grandes problemas da minha cidade, do meu estado, do meu país e por que não do mundo?, que a geração passada não conseguiu dar um jeito e só ajudou a agravar. Vai sobrar para quem? Efetivamente para nós, os subestimados adolescentes de hoje.
Existem sim, Anna, adolescentes desorientados e angustiados, MAS não é necessariamente por estarmos “inseridos nesse mundo digital”. Estão desorientados devido às pressões invisíveis do tipo “o quê vou ser quando crescer?”, “você vai fazer medicina, vai ser doutor!”, “odeio direito, quero fazer relações públicas”, derretimento das calotas polares, efeito estufa, Terceira Guerra Mundial e questões de outros âmbitos que tocam diretamente em quem fará o futuro.
Anna Paula, você como jornalista deveria manter a sua mente aberta, estar disposta a ouvir o novo ainda que isso coloque abaixo suas crenças antigas. Não sei ao certo qual a sua idade, mas uma vez li um provérbio sobre mudanças, de Douglas Adams, que diz algo mais ou menos assim: o que existia antes de nascermos era normal, depois, o que surge quando somos jovens pode até se tornar uma carreira a seguir; mas o que aparece depois dos 30 é anormal, o fim do mundo, até que tenha se firmado por uma década, quando começa a parecer normal.
Por mais que as velhas tendências sempre voltem em voga, isso funciona geralmente com roupas. Com as novas tendências, novas formas de encarar a vida e viver a realidade surgem. O que é fato hoje é que se você existe, você existe na rede, em tempo real, o tempo todo.
Anna, falta quanto tempo para completar a última década?

Sem mais,

N. C. B.


Como sempre coloco minhas redações aqui, esta é a 2ª carta argumentativa que escrevi. A primeira tá aqui no blog, um lixo .-. Essa fui melhor.

O limite de um termina quando começa o de outro

Como é sabido, foi aprovado no dia 7 de Maio de 2009, uma lei antifumo válida para o Estado de Sâo Paulo. Em 7 de Agosto a proibição entrou em vigor. Locais públicos em geral já se adequaram, retirando cinzeiros, desativando fumódromos, colocando avisos e fiscalizando. Pelo menos na teoria. O fato é que esta lei está gerando muita discussão. Um embate entre fumantes "traídos" e não fumantes contentes. Entre os primeiros, insatisfação por considerarem uma lei radical e autoritária, pois, na opinião deles, tira boa parte de sua liberdade e o livre arbítrio para fumar.
Eu, fumante passiva, e meus semelhantes passivos entramos na discussão. Livre arbítrio de fumar? E o nosso livre arbítrio de não fumar? De não querer morrer? Sim, de não querer morrer, pois saber que o fumo traz uma série de complicações, doenças e leva, possivelmente, à morte, todos sabemos, mas nós optamos pela vida, somente por isso ou porque simplesmente não gostamos do sabor, do cheiro e etc e não queremos fumar com vocês.
Há quem diga que o governo foi autoritário impondo a lei, mas convenhamos, se o governo "lava as mãos", recebe crítica, se cumpre com o seu dever, recebe crítica... quando é que está bom? Para alguma pessoas só fica bom depois de acender um "cigarrinho"...
Como é possível considerar a proibição de fumar nos lugares em que outras pessoas respiram uma afronta à liberdade individual? Acredito que essas pessoas não entendem muito sobre liberdade. Liberdade é ser, estar livre de qualquer coisa que te prejudique, ou que te faça sofrer. Um viciado em cocaína é livre? O que diferencia um viciado em cocaína de um fumante qualquer? Não é possível falar de liberdade assim...
O direito de fumar não foi perdido. Pode-se fumar em casa, no aconchego do lar, no carro, no Campus do COTIL (essa parte do Campus do COTIL eu risquei na oficial, mas dá pra ler... tentativa de protesto! hshaushau). Por que querer hegemonia?

15/08/2009

Eu não sei

Eu não sei mentir direito, eu não sei amar pela metade, eu não sei progressão geométrica, eu não sei dormir de cabeça lotada, eu não sei até que ponto vale a pena insistir em uma coisa que se quer tanto, eu não sei fazer café nem feijão, sequer fritar um ovo, eu não sei se o problema está comigo ou sou eu quem está com o problema, eu não sei o que quero ser quando crescer, mas já cresci e agora?, eu não sei se eu vou partir, se eu vou ter pra onde ir, eu não sei quem são meus verdadeiros amigos, eu não sei se quero mesmo salvar o mundo, eu não sei a resposta pra vida e nem pro câncer, eu não sei fazer contas de cabeça, eu não sei porque eu ainda insisto em algumas coisas, eu não sei pintar a unha do meu pé esquerdo, eu não sei fazer um slide decente, eu não sei porque não entendo mol, eu não sei gostar de davi nem de sônia, tudo pessoal, eu não sei tocar violão, eu não sei fazer jatinhos de cuspe, eu não sei fazer um quadrado no autocad, eu não sei ser discreta, eu não sei assobiar, eu não sei colocar isca no anzol, eu não sei o que eu sou, só sei o que eu sei, só sei que fui aquilo que eu não sei, eu não sei da Terra, como apareceu, não sei do tempo, nem quando ele acaba, só sei do relógio quando ele pára, não sei do dinheiro, nem como ganhar, só sei que serve para se pagar, não sei dos homens, nem onde vão parar, só sei que desse jeito eles não vão durar, não sei do sol, como amanheceu. Não sei da vida, nem como se viver, só sei que vivo sem perceber.

Participações de trechos de músicas de Bêca Arruda. Final em especial.

12/08/2009

ANFIGURI

Aquilo que eu ouso
Não é o que quero
Eu quero o repouso
Do que não espero.

Não quero o que tenho
Pelo que custou
Não sei de onde venho
Sei para onde vou.

Homem, sou a fera
Poeta, sou um louco
Amante, sou pai.

Vida, quem me dera...
Amor, dura pouco...
Poesia, ai!...

Rio, 1965

Vinícius de Moraes

10/08/2009

Muda pro mundo

As pessoas mudam. Para ser clichê, tudo muda, até bermuda. Faz parte da vida, do crescimento, das responsabilidades que as pessoas passam a ter (ou a não ter), é natural.
É natural que as pessoas mudem, mas algumas mudanças não são tão naturais, são forçadas. Exemplo disso é quando você perde uma amiga ou amigo pelo fato de que ela ou ele começaram a namorar. Ciúme, rédea, falta de personalidade para bater de frente e não aceitar imposições. Enfim, conheço várias pessoas e não posso dizer uma palavra para essas sobre o que penso, já fiz muito disso, mas como diz um certo ditado: em briga de marido e mulher ninguém mete a colher, e hoje, posso dizer com absoluta certeza que uma das piores besteiras que você pode fazer na vida é dar palpite num relacionamento formado, ainda que em crise, ou mesmo num relacionamento recém rompido. Na hora em que a pessoa te pede um conselho, num momento de desespero, você comovido pelo sofrimento da pessoa, acaba falando tudo o que pensa a respeito do namorado, da namorada e de tudo mais que, na sua opinião, anda errado. Um erro. Depois que tudo fica bem com os dois, você foi o lobo mau da história, sacou?
Taí, as pessoas podem mudar depois de serem lobos maus em várias histórias e ficarem calejados de tanto cometer esse erro.
Quê mais? Dexo ver...
Por falar demais existem várias situações das quais uma pessoa se arrepende e decide mudar, ficando calada e se passando por antipática, chata, tímida, arrogante. Depois do arrependimento, da vergonha por uma situação, vem a mudança. Forçada? Não tanto, porque ninguém, além de você, te impõe alguma mudança.
De uma certa forma, haverá sempre um motivo maior, uma força divina ou psicológica que vai fazer alguém mudar.
As mudanças podem ser boas e são quando você não se perde. Quando eu digo não se perde quero dizer a sua essência, o seu estilo, o seu carisma, os seus amigos.
Se todas as pessoas tivessem somente mudanças boas, ninguém engordaria sem querer, o mundo seria perfeito: todo dia faria sol, toda praia teria ondas boas pro surf e toda música seria reggae. Er, peguei essa na net.
Mudanças podem ser devastadoras. Mudanças são necessárias.

02/08/2009

Mudanças causadas pela informatização: o mundo será melhor com elas?

Gutenberg criou a prensa móvel no século XV e os copistas foram substituídos por máquinas. No século XVIII Primeira Revolução Industrial, no século XIX Segunda Revolução Industrial e hoje vivenciamos a Terceira Revolução Industrial e com ela, em 1946 foi criado o computador. Desde então, acelerou-se o processo da informatização e das indústrias ligadas ao setor. Nas últimas décadas também, outras inovações tecnológicas transformaram não só a economia como também o modo de vida das pessoas, mas certamente é a informatização que causou e continua causando mais impacto sobre nós e nossas atividades.
Com tantas tarefas e preocupações no nosso dia-a-dia, tudo o que precisamos é otimizar o tempo e a informatização vem a calhar nessa hora. Poupa-se muito tempo, por exemplo, tendo como serviço disponível 24 horas, caixas eletrônicos. Quem possui acesso a essas facilidades do mundo moderno acaba ficando extremamente dependente desses serviços, não conseguindo imaginar como seria viver sem tanta comodidade.
A informatização trouxe conseqüências em diversos panoramas. Há pessoas que estão vivendo em um mundo paralelo, um lugar onde conseguem socializar-se e tornarem-se famosas figuras, desprovidas de defeitos e esse lugar onde vivem chama-se internet. Há, no entanto, grandes organizações com filiais no mundo inteiro que fazem vídeo-conferências em tempo real e utilizam a informatização para a tomada de decisões importantes e soluções de problemas.
Não podemos negar que essa tal informatização tenha muitos outros pontos negativos além do fato do isolamento social. Quantas pessoas já perderam seus empregos mantidos por anos, por serem substituídos por máquinas ou porque não se atualizaram ou capacitaram-se para enfrentar as atualizações que o mercado vem sofrendo? Há também a exclusão das camadas pobres ao aprendizado e acesso a tantas inovações, mas como disse Adam Przeworski em entrevista para a revista Veja, o sistema de proteção aos pobres precisa ser bem organizado, do contrário no futuro haverá países onde só aumenta o número de excluídos, e isso terá conseqüências sociais. Ao concordar com essa citação, não afirmo, porém, que devemos lavar nossas mãos e esperar do Estado que se organize diante da realidade.
Pode-se usar o conceito da bomba atômica para destruir tanto quanto para ajudar cidades inteiras, assim como a informatização. A idéia principal da tecnologia é tornar o modo de vida das pessoas mais confortável, mas são escolhas que tornarão isso realidade ou não.
2008

30/07/2009

O amor não tem GPS, baby

Ele? não trabalha com amor, só com cheque ou VisaElectron. Pior do que deixar ao acaso, que jamais abolirá a saudade é que o nosso caso já virou questão de azar e sorte.

adaptado de um conto de Xico Sá, cujo título é o mesmo ou quase isso .-. não me lembro

27/07/2009

Sono, sono, sono, sonin, shiiiuuu

Todo dia, exceto nas suas folgas, ele faz tudo absolutamente igual. Não que precisasse, mas porque gosta de tudo certinho. Logo se vê pela sua profissão. Fiscaliza tudo e todos. Celulares no trânsito, transeuntes, passageiros e passarelas. Sua vida poderia ser melhor se não fosse um inconveniente senhor, que Deus o tenha, digo isso pelo respeito que meus pais me ensinaram ter, ter acabado com uma parte de sua vida num acidente. E a vida de outras pessoas também, mas resguardo-me a falar pouco dos alheios nessa história. Como ia dizendo, ele acorda, usa o banheiro, passa o fax, toma banho e vai labutar. Haja vista que trabalha em pé, o dia ou a noite toda, dependendo da sua escala e fica muito cansado. O seu problema na perna e o cansaço não o impossibilita de fazer comida ao chegar em casa. E a faz deliciosamente bem. O seu feijão... humm. Liga a tv. Randossintoniza um canal. De preferência os que passem desenhos, porque ter idade é uma coisa, amadurecer é começar a ficar podre e isso ele está longe de se tornar. Prato na pia, organizadamente embaixo do tacho de feijão, com os talheres mergulhados em água. Goles de Coca. Sofá. Sono, sono, sono, soninho, sonin, shiiiiuuu... dormiu.

Sou simpris. Uso cocolgate


Essa maré de ser pobre andou desgastanto minhas companheiras de aventuras sempre boas e novas, que na verdade estão um tanto velhas, havaianas, que antes eram brancas e agora estão amareladas. A grana tá preta mas o dente ainda continua branco. A pasta de dente ainda dá pra comprar.


23/07/2009

SuperGrass



We are young,
we run green,
keep our teeth nice and clean
see our friends
see the sights
feel alright :)

We wake up,
we go out,
smoke a fag,
put it out,
see our friends,
see the sights,
feel alright =]

Are we like you?
I can't be sure!
On the scene as she turns,
we are strange in our worlds,
but we are young,
we get by,
can't go mad,
ain't got time,
sleep around if we like,
we're alright ;D

Got some cash,
bought some wheels,
took it out,
'cross the fields,
lost control,
hit a wall,
we're alright \o\

17/07/2009

Texto

Parágrafo
Letra Maiúscula
Idéias
Ponto final

14/07/2009

cabeça vazia: oficina do diabo

férias:

preguiça
revisão de conceitos
tempo
calma
filmes
televisão

amigos:

poucos
dedos da mão
pra sempre
pra agora
pra ontem
sinceridade
hipocrisia
esporádicamente

perfume:

mãe
pai
gordo
marcela
velha chata que vende natura

cobertor:

rep

tato
leão
mendigo

jota quest:

ônibus
sétima série
raquel
casa da frente
cd do camelô

gloss:

joydson imitando a larissa paranormal
barbie
michele
unimart

cheddar:

pizzaria
cheddarg (histórico)

cachorro quente:

dona lurdes
gi
purê
limeira
santos
terça-feira
yasmim
japonês
vontade

tampico:

passeio de escola pra porto-feliz
vô tuty
lanchonete do covabra
salsicha empanada

sanduiche de salame:

fer
zamarion
californiano mcdonalds
catchup

bicicleta:

rolês no bairro
quedas
aventuras
altas risadas
histórias até umas horas
amigas
adolescência

05/07/2009

Tampa de privada.

Ela sempre foi só. Ela por ela e pouca gente pra ajudar. Foi feliz quando podia e quando tinha felicidade pra ela. Procurou amor em poucas esquinas. Esperou encontrá-lo casualmente num bar a meia luz vestindo uma beca importada, cheio das finesse, se é que vocês me entendem; ou quis por toda a vida encontrá-lo vestindo uma roupa esportiva cheio de suor e com aquela pizza debaixo do braço, de um jeito sexy, se é que vocês me entendem.
Estudou muito, até mudou de sua cidade pra estudar. E foi o que fez por muitos anos. Morou em diversas repúblicas mas nenhuma delas tinha tampa na privada. Tampa na privada é artigo importantíssimo pra uma mulher, ainda mais uma mulher como ela, delicada e um pouco neurótica com relação a higiene do lar, portanto ter uma tampa siginificava para ela que o vaso sanitário ficaria fechado e os coliformes fecais não teriam outra alternativa a não ser estarem fadados à morte por asfixia, não oferecendo riscos à sua saúde. E nunca houve tempo para comprar a tal da tampa. Passava os dias preocupada em como seria o dia seguinte e as noites encarregando-se de encher sua cabeça com a dramaturgia das 6, 7 e 8. Nunca lembrava da tampa quando ia ao supermercado e as vezes fingia que não lembrava, mas isso só quando o dinheiro não dava. Morar em república não é coisa fácil. Vai muito dinheiro em fast food, ou melhor, junkie food. O problema é quando castigava o trono depois de uma comida dessas. Era aí que se lembrava da tampa.
O fato é que os dias foram voando e eis que em seu colo aterrissou uma boa oferta de emprego. E o amor mesmo só decolava... e ela o via, ou melhor, ela o idealizava pela janela do seu windows todos os dias, procurando-o em sites de relacionamento. Embarcou na nova jornada de sua vida, foi carola no seu emprego, deu realmente tudo de si. Foi bem sucedida, comprou móveis, sofá e até aquele fiat 147 tão sonhado. Esqueci de falar que ela também mudou de casa. Foi morar num lugar bacana, com flores na sacada, um vizinho irreverente que cantava ópera profissionalmente e tinha um poodle toy, comprou um tapete style cor de abóbora na tokstok mas faltava algo mais...
Estudou tanto, deu tanto de si... mas nunca deu algo que fosse além dos limites do que acreditava ser boa moça e cabe aqui a sua virgindade, o seu olhar, o seu calor e muito mais que não cabe a mim dizer por respeito àquela moça.
Mas faltava algo mais... Faltava a tampa da privada, que também era ausente na nova casa da sacada com flores.
Foi à lojinha da esquina, a lojinha do japonês que fazia permanente no cabelo e se embrenhou na mata das porcarias importadas dos tigres asiáticos em busca de uma tampa nem muito simples, nem muito branca, nem muito marrom brochante, se é que vocês me entendem. E achou!
Instalou a tampa no seu vaso, colocou até um quadro no banheiro pra deixar o ambiente mais fashion e pediu pizza pra festejar.
Tomou um banho rápido, colocou bobs nos longos cabelos ruivos naturais, porém lisos, no melhor estilo Dona Florinda e passou máscara de pepino no rosto enquanto a pizza estava para chegar.
O interfone tocou, era o porteiro avisando que a pizza de quatro queijos sem gorgonzola tinha chegado. Desceu daquele jeito mesmo, esperando encontrar um homem gordo com camisa regata engordurada e jaqueta de couro sob uma motinha 100cc arrebentada. Mas não foi bem isso, encontrou um rapaz de meia idade, barba rala, roupa elegantérrima e um perfume de fragrancia levemente amadeirada e detalhe: encostado no seu mustang preto insulfilmado dizendo que era o dono da pizzaria e estava ali porque o movimento das entregas estava grande e por isso ele estava entregando as pizzas pessoalmente para dar uma força nos pedidos.
Olhares se entrecruzaram, pegou a pizza, pagou, subiu pro seu apê, se deliciou e estreiou a tampa. Dormiu feliz como um anjo. O amor finalmente havia chegado para ela.

27/06/2009

28

"Foi isso que aconteceu com a humanidade. Todos estão fingindo. Autenticidade se perdeu, verdade se perdeu, todos tentam ser outra pessoa. Basta olhar para si mesmo: você está fingindo ser outra pessoa. E só pode ser você mesmo – não existe outra maneira, nunca existiu, não há nenhuma possibilidade que você possa ser outra pessoa. Você irá permanecer você mesmo. Você pode desfrutar disso e florescer, ou pode secar aos poucos caso condene aquilo que você é."
OSHO

19/06/2009

Campinas, 14 de junho de 2009.

Ilustríssimo Senhor Presidente,
O senhor acha normal que uma criança carente fracasse na escola? Quem tem o mínimo de instrução não acha normal e já que o senhor tem esse mínimo eu pensei que o senhor deveria se sensibilizar com esse fato que, de uns tempos para cá, passou a ser encarado de forma tão natural que já faz parte de nossa cultura. Mas não, me desculpe, o senhor apóia essa nossa cultura, não é? Apóia tanto que a deixa como está para que não afete a atratividade de gringos norteamericanos, europeus e asiáticos ao nosso país tropical. Temos aqui o nosso Cirque du Soleil nos semáforos, apresentado por crianças muitas vezes divididas entre ganhar o pão de cada dia e frequentar a escola para não perderem o benefício do Bolsa Família, programa de "progresso social" criado por você, Senhor Presidente da República, para estimular o estudo. Bonito teoricamente, perverso na prática. Por que o senhor ainda insiste nisso? Não vê que não passa de um conto de fadas? (AH, JÁ SEI, PRA GANHAR VOTOS, NÃO É?)
Com esse salarinho de fome o senhor compra a população carente ao invés de estimular o estudo através de exemplos. Se bem que... que exemplo o senhor pode nos dar?
Com R$122,00 reais não é possível comprar nem o bico do sapato de Vossa Excelência; não é possível comprar quiçá uma cesta básica e "malemá" pagar as contas de água e luz.
Senhor Presidente, por que ao invés de dar o peixe, o senhor não ensina a pescar?
Sem mais,
N. C. B.
(minha primeira carta argumentativa. ok, não tem tantos argumentos assim, mas vou melhorar ;D)

Vou construir um castelo.

A inveja existe e a cada 10, 5 é na maldade.
Porque a confiança é uma mulher ingrata, que te beija, e te abraça, te rouba e te mata.
Desacreditar? nem pensar, só naquela: se uma mosca ameaçar me catar piso nela.
Se quer Guerra terá, se quer Paz, quero em dobro.
Mas verme é verme, é o que é, rastejando no chão, sempre embaixo do pé.
E fala 1, 2 vez, se marcar até 3, Na 4ª xeque-mate, que nem no xadrez.
Eu não tenho dom pra vitima. Justiça e Liberdade, a causa é legitima.

Trechos da música Vida Loka parte 1 dos Racionais Mc's.
Reflete a minha semana.

11/06/2009

- MEO, CE NÃO SABE QUE QUE ACONTECEU! OS CARAS DO CHARLIE BROWN INVADIRAM A CIDADE! (8)

A educação contra a injustiça social

Este texto foi escrito em 1869 pelo russo Mikhail Bakunin, um dos principais teóricos do socialismo libertário (ou anarquismo). Os anarquistas entendem que a educação é um fator de libertação das classes oprimidas, por isso o autor defende que a instrução deve ser igual para todos, independentemente da condição social.
"A primeira questão que vamos hoje considerar é esta: Poderá a emancipação das massas operárias ser completa, enquanto a instrução que as massas recebem for inferior àquela que é dada aos burgueses, ou enquanto houver uma classe qualquer em geral, numerosa ou não, mas que, pelo seu nascimento, seja chamada aos privilégios duma educação superior e duma instrução mais completa? Pôr esta questão, não é resolvê-la? Não será evidente que entre dois homens, dotados duma inteligencia natural aproximadamente igual, aquele que souber mais, cujo espírito estiver mais aberto para a ciência, e que, tendo compreendido melhor o encadeamento dos fatos naturais e sociais, ou aquilo a que se chama leis da natureza e da sociedade, se aperceberá mais fácil e globalmente do caráter do meio em que vive, - que este se sentirá, digamos, mais livre, que será praticamente mais hábil e mais poderoso do que o outro? Aquele que sabe mais dominará naturalmente aquele que sabe menos; e se existir entre duas classes apenas esta diferença de educação e de instrução, esta diferença produzirá em pouco tempo todas as outras, o mundo humado voltará ao seu estado atual, isto é, será dividido de novo numa massa de escravos e num pequeno número de dominadores, os primeiros trabalhando, como hoje, para os segundos.
Compreende-se agora por que é que os socialistas burgueses pedem apenas alguma intrução para o povo, um pouco mais do que tem atualmente, e nós, democratas-socialistas, exigimos para o povo a instrução integral, toda a instrução, tão completa quanto o permite a capacidade intelectual do século, a fim de que, acima das massas, não possa existir nenhuma classe que saiba mais do que eles, que os possa dominar e explorar. Os socialistas burgueses pretendem manter as classes, devendo cada uma delas, segundo eles, desempenhar uma diferente função social, uma por exemplo, a ciência e a outra o trabalho manual; e nós, pelo contrário, queremos a abolição definitiva das classes, a unificação da sociedade, e a igualização econômica e social de todos os seres humanos que habitam a terra. Eles queriam, conservando-as, minorar, adocicar e embelezar a desigualdade e a injustiça, as bases históricas da sociedade atual, e nós queremos destruí-las. Donde resulta obviamente a impossibilidade de qualquer entendimento, conciliação ou mesmo coligação entre nós e os socialistas burgueses"
(O socialismo libertário. São Paulo: Global. p. 32-3.)

10/06/2009

Intolerância e preconceito: duas faces do mesmo problema

O Homem não consegue viver pacificamente com as diferenças, isto é fato, e não é um caso da atualidade. Basta retornar nossos olhares para o início da Era Cristã, época em que os romanos expulsaram os habitantes da Palestina, os Hebreus, hoje chamados de Judeus ou israelenses que, inclusive, estão em constantes embates com os Árabes (ou palestinos) e os países vizinhos, pela consolidação do Estado de Israel. Posso dizer, com certeza, que apesar da diáspora ter ocorrido há muito tempo, esse fato não exclui outros semelhantes e mais antigos, causados por mínimas diferenças e até mesmo uma neodiáspora.
Não creio que em certo sentido tudo o que fazemos é regido pela nossa biologia e nem que os limites biológicos que possuímos, como exemplo sermos “escravos” do sono, da alimentação e do descanso, sejam capazes de incitar-nos um comportamento específico que nos angustia e nos força a agir de tal forma, utilizando a agressividade e a xenofobia como válvula de escape para essas tais limitações biológicas. Se fosse assim, a homossexualidade poderia ser explicada dessa forma: o indivíduo nasce predestinado a ser gay e jamais vai se interessar por outra coisa, porque seus genes e toda a sua biologia regeram-no para ser assim, sem ser levado em consideração o livre arbítrio de cada um de nós.
Não foi a biologia de toda uma minoria branca da África do Sul que segregou a maioria negra de 1948 até 1994, movimento conhecido como Apartheid, impedindo essa maioria até de freqüentar os mesmos lugares públicos que os demais. Esse regime racista que foi o maior da história do século XX e que remonta à chegada dos holandeses e franceses no século XVII e ao domínio inglês no século XIX, pode ser explicado se considerarmos a biologia desses povos como um todo? Ou então podemos nós, apegar-nos à idéia de que vieram ao mundo predestinados a segregar os negros? Não, não pode ser explicado dessa forma e eu insistirei nesta tecla até quando puder.
Ao invés de preocuparmo-nos com explicações fajutas a respeito do comportamento dos seres humanos, por que não passamos a prestar atenção, a dar-nos conta do que acontece ao nosso redor? Grupos extremistas estão ganhando força, ações de skinheads, neonazistas, estão salpicadas por aí, apoiados discretamente por quem não suja as mãos na violência racista. Prestem atenção ao bullyng, dentro das escolas, clubes...
IDPs, como são conhecidas as pessoas que são perseguidas por motivos religiosos, políticos e raciais dentro do próprio país, estão refugiando-se cada vez mais em outros países, vindos geralmente da Bósnia-Herzegovina, Sri Lanka, Rússia, Afeganistão entre outros países com governos fundamentalistas, formam a estatística de que em cada 280 pessoas no mundo, 1 seja refugiada, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas (ACNUR), órgão criado em 1951 para (tentar) solucionar essa situação, dos refugiados, que é uma das grandes tragédias da atualidade.
Atualmente existe intolerância e preconceito contra etnias, raças, religião, política etc, assim como antigamente, muito antigamente. É um problema global, mas que passamos a conviver de mãos dadas e deixamos imortalizar quando ouvimos, rimos e passamos adiante alguma piadinha sobre judeus, negros, baianos, turcos, portugueses, gays, loiras, beatas, e mais uma extensa lista com alguns dos famosos personagens que costumamos satirizar e, se você souber alguma piadinha sobre algum deles...

29/05/2009

Água suja em pedra mole vira lama

Somos encapados. É, temos uma capa. Todos nós. Não me diga que não. "O que você faz quando ninguém te vê fazendo? Ou o que você queria fazer se ninguém pudesse te ver?"
Mais ou menos isso, o fato é que todos temos uma mentirinha escondidinha, uma verdadinha, uma "porquicesinha" na ponta do dedo saída do nariz. Vou dizer-lhes uma. Eu solto pum embaixo do cobertor e cheiro. Não que eu goste, mas sei lá, eu cheiro mesmo. Não, não fico cheirando tudo, só um pouco. Tem gente que cheira cola, benzina... E você? Qual é o seu segredinho?
"Diga, quem você é, me diga. Me fale sobre a sua vida, me conte sobre a sua estrada. Ninguém merece ser só mais um bonitinho..."
Tem gente roendo a unha do pé, tem gente que não raspa o sovaco, tem gente que repete a cueca/calcinha, tem sapo que tem chulé e o que me deixa mais puta é que todo mundo tem um passadinho que condena, todo mundo faz coisas porcas e ainda tem gente que se acha O Ser Superior Limpo e Perfeito e julga-se no direito de falar mal do próprio semelhante, da roupa, do sapato, sem olhar para si e para o próprio mundinho que gira em torno do umbigo (sujo, por sinal).
Por fora bela viola, por dentro, pão bolorão, já dizia minha vó Júlia. Nem filho de vidraceiro hoje em dia é transparente. Até a água está ficando color (contrário de incolor =P). Em tempos assim, é melhor se assumir: "Sim, eu faço bolinhas com o cocô de nariz!". Em tempos assim, é melhor varrer sua calçada, pra não obstruir a passagem da água pelo meio fio, a fim de evitar sua vizinha falando mal de você, esquecendo de olhar para a podridão interior.
Tá vendo, é melhor cuidar das nossas vidas para não ficarmos com a alma suja, assim como é melhor cuidar da água também. Tudo isso para um mundo melhor!

03/05/2009

O buraco é mais embaixo

A violência pode começar a se firmar como coisa palpável, saindo da tela da televisão, para uma criança, dentro da própria casa. Ao ver algum ente familiar, como a mãe, apanhando, ou sendo o próprio agredido, segundo pesquisa nacional conduzida pelo Laboratório de Estudos da Criança (Lacri) da Universidade de São Paulo, a criança tende a se tornar uma pessoa agressiva. Pode-se associar este fato, ao das crianças de rua, que perdem o coração e a inocência de tanto levar pancada da vida que levam e se transformam, muitas vezes, em “Sandros”, como pudemos acompanhar no ano 2000, autor de um atentado em ônibus coletivo do Rio de Janeiro.
Da mesma forma podemos analisar os presídios do Brasil e seus presidiários. Celas sujas, descaso, maus-tratos. Coisas bem diferentes da proposta inicial da prisão, sugerida teoricamente por Iluministas no século XVIII, a qual seria uma forma ideal de punição, porque ao mesmo tempo em que pune, corrige. O que vemos, na prática é mais revolta por parte dos presos, ao serem libertos, do que quando entraram. A prisão gera somente mais ira, devido à forma como são tratados: como lixos, vermes.
Temos então que a violência vem de muitos lados. E essa violência, como vimos, pode ser gerada por assimilação da vida e da realidade, por maus-tratos, por revolta causada por injustiça, mas o que realmente é fato, é que violência gera violência. Dentro dos nossos carros blindados, com nossos corações blindados, fechamos as janelas, de vidros insulfilmados, nas caras de pedintes, sem dor. Agimos de acordo com nossos princípios, mas pensamos no que causamos para o outro? Tentemos nos colocar no lugar dos menos privilegiados. Difícil, não é? Ou façamos melhor, já que não é bom sentir o que “esses” sentem, imaginemo-nos em nossa boutique preferida. Fomos atendidos “despolidamente”. Pronto, foi o suficiente para ficarmos indignados com tamanha falta de educação conosco, os clientes. Agora, imagine receber vários “nãos”, várias “fechadas” de vidro nos nossos rostos; imagine não ter ninguém que te dê um voto de confiança. Não digo, com isso, que devemos abrir nosso sorriso e nossa carteira para qualquer pessoa que venha nos pedir. Quero que analisemos qual é a nossa contribuição nessa violência que vemos por aí, nos noticiários, nas rodinhas sociais, no dia-a-dia.
Como falei em educação, esse é outro aspecto que sempre levamos em consideração, já que temos tanto. Corremos o risco de olharmos para os pobres da rua e sugerirmos uma solução rápida: “por que não vão estudar, trabalhar? São fortes e ao invés de ficar pedindo por aí, por que não vão procurar algo pra fazer?”. É muito fácil também atribuirmos a culpa ao Estado “que não constrói escolas, creches, só sabe pegar e pagar vôos...”. Somos facilmente levados, ludibriados pelo canto de sereia que nos leva sempre à “meteção de pau” e depois à morte. Assim, como para nós é mais fácil passar pela porta larga e abrir a boca e falar mal do governo, na formação torta do Estado, sem olhar pra nossa própria lepra, imagine para quem nasce numa favela, onde as oportunidades “dizem tchauzinho”. Passar pela porta estreita que leva ao caminho do bem? Roubar, traficar, matar ou morrer, esse é o lema da favela.
Mas me diga, o que o cidadão consegue tirar de bom, de exemplar, em um país onde os próprios policiais que combatem o tráfico traficam? Pender para o lado mais fácil, mais prático “é o que vira” por aqui.
A situação caótica do País, mergulhado na violência é processo de anos, de anos de descaso, de sangria desatada de ter, de consumir, de ser...
O Brasil, a violência, os buracos nas ruas e nos estômagos não podem ser encobertos por movimentos politicamente corretos e demagógicos. Bolsa Calango, Campanha do Trapo Furado. Meninos de rua querem visibilidade, querem atenção, querem McDonalds, diversão e arte, querem inteiro e não pela metade.

27/02/2009

Final Feliz

Ah o amor, como o sinto! Estava escrito no nick de um contato de msn, do Golias.
- Lá me vem você com essa mania de se apaixonar.
- Você não se cansa de querer estragar a felicidade alheia?
- Não. E você, não se cansa de se machucar no final dos seus amores, todas as vezes que se apaixona?
- Não, pois aprendo alguma coisa com cada dor que sinto. Mas vem cá, mal amado...
- Mal Amado? Eu?! Eu sou é muito feliz com a vida que levo. Não me prendo a ninguém, faço o que quero, vivo para mim e jamais me machuco.
- Grande coisa. Você diz isso pra tentar disfarçar. Mas no fundo você gostaria de sair dessa sua cadeira de computador, desse seu mundinho fechado, dessa sua bolha e curtir o carnaval, beijar na boca, namorar, dançar, se divertir e aproveitar o que a vida te proporciona fazer todos os dias.
- Eu gosto de comer cheetos, tomar coca-cola, assistir desenho animado, baixar séries e fuçar no orkut dos outros e para mim isso basta. Quero morrer fazendo isso.
- Ahá! Fuçar no orkut dos outroooos. Acabou de se entregar. Vai, confessa, você gostaria de fazer metade de tudo o que vê por aí na página dos ilustres desconhecidos acessados por você, não é?
- Não, (gole de coca) pra sua informação (gole de coca de novo) eu detesto o orkut e só faço entrar no orkut por pura falta do que fazer nessa internet.
- Ou seja, por pura falta do que fazer no seu mundinho hermeticamente fechado. Bom, eu não vou falar mais nada para você, pois saquei que o seu negócio é confete. Se quer confete, vá pular carnaval. Se quer sair desse ócio comedor de vida, é com você. Eu vou é sair, curtir a madrugada. Cansei da sua inveja, das suas vizualizações diárias no meu perfil do orkut.
Golias dá mais uns dois ou três goles na coca, levanta-se com muito esforço, abre o frigobar e pega mais uma de 600.
- Abençoados sejam esses últimos goles antes do fim do mundo.
Então os toma com infinito prazer, sentindo queimar-lhe a garganta os gases, enquanto aperta o botão vermelho.

18/02/2009

Não quer entrar e tomar uma xícara de chá?

Uma simples palavra pode tomar sentidos e entendimentos diferentes. As vezes basta uma entonação de voz para o sentido de uma palavra mudar. Outras vezes basta um dia daqueles para que meia palavra seja o suficiente para se causar uma tempestade em copo d'água sem que antes possa-se molhar o bico. São diversos fatores que fazem com que cada pessoa interprete de uma forma o que se é dito, lido, escrito.
A palavra em si, ela não muda. Permanece a mesma, fiel, intacta e está sempre ali, criada, muda, esperando para ser usada.
Este é o primeiro post aqui. Tudo o que eu disser reflete o que o meu eu-lírico e eu, myself and I pensamos e sentimos verdadeiramente e esporadicamente ficticiamente e vice-versa.

ps: PlayStation
ps2: PlayStation2

"- Cérebro, o que faremos amanhã a noite?
- Vamos tentar domingar o mundo, Pink!"

Sem mais pss e mais delongas, sejam bem vindos :D, vocês alguéns aís.

"O mínimo que um ser humano pode fazer durante sua passagem por este vale de: a)lágrimas, b)gozos, [escolha sua opção], é deixar claras suas pegadas." Gabriel O Pensador