23/10/2009

Mais que um verbo, é ser ou estar.

Acorda. Olha no espelho. Vê um monstro. Senta na cama. Diz pra si que não comerá doces hoje. Quer emagrecer mas não pra ela. Medo do que os outros vão achar, medo do que ela acha que eles acham. Não coloca shortinho se não tem as pernas depiladas. Não coloca aquela blusinha nadador porque tem marcas de sutiã queimadas de sol nas costas. Não é legal sair assim, né?. Se incomoda se faz chuva ou sol e simplesmente não vive os dias em função dos dias, mas em função do seu cabelo, dele estar bom, em outras palavras liso, ou não. O que pensa sobre ser alguém foi deturpado pela mídia. O bonito é a roupa do shopping, o tênis mais caro, o celular de última geração. Seu consciente sabe que o bonito não existe na verdade, o que existe é o status que o material lhe traz. A modelo da revista é ideal. O rosto dela seria per-fei-to se pudesse fazer os efeitos do photoshop no dia-a-dia, assim como faz em todas as suas fotografias antes de colocar no orkut. É um escândalo em pessoa. Sua vida só faz sentido se ela for notícia por algum momento. Se alimenta de uma popularidade forçada. Sobe os degraus da vida passando por cima de algumas pessoas ditas inferiores por ela. Amizade só se gerar lucro e se houver interesse. Tem cara de santinha mas as aparências enganam. Sabe grandemente se camuflar em todos os meios de convívio social. Sabe manipular muito bem as pessoas para conseguir o que quer. É a rainha da lábia. A rainha do discurso. No baile funk, a boladona. Nas noites com seu salto alto, seu lápis, batom vermelho e seu rímel, ninguém segura. Quando chega em casa passa de mansinho pelo corredor para não acordar seus pais. No seu quarto rosa, cheio de bichinhos de pelúcia na prateleira, a foto da sua vó, do seu ex namorado, das suas amigas de colégio que viveram junto dela os momentos mais felizes a fazem chorar. Coloca a cabeça no travesseiro. No teto as estrelinhas coladas bilham mais que ela.

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