18/12/2011

Isso é só o fim

Botei meus óculos para poder enxergar melhor o que eu pretendo relatar nas seguintes linhas. Trata-se de um final. Vou começar falando de finais. Estes podem ser felizes, tristes, abruptos, românticos e sentimentais, molhados e ao mesmo tempo secos. Mexem com a gente, não mexem com a gente, são difíceis de serem encarados, ou não, mas não passam imperceptíveis nem sob o olhar do mais desatento dos não-observadores. O prazer que se tem com a finalização de algo que custou caro para as mãos, coração, vistas, glândulas lacrimais e sudoríparas se esconde ou se mostra, se vive ou se deixa viver. O fato é que as construções, os relacionamentos e as longas caminhadas tem seu começo, seu meio e seu fim. Não tem como escapar disso. O fim está sempre a espreita, esperando seu momento de acontecer. Nunca se sabe aonde uma despedida ocorrerá. Porém despedida não trata do mesmo assunto que trata o fim, necessariamente. Mas despedidas e finais andam de mãos dadas. Fim é fim. Não costuma trazer à tona o que outrora outros meios trouxe. Despedida pode anteceder um novo reencontro. Despedidas podem conter finais. Porém finais não podem conter despedidas. Conter: Compreender na extensão, na capacidade, na substância; Encerrar; Manter em certos limites, impedir de avançar; Disciplinar os sentimentos, dominar-se. Então é isso. Não pude conter certas lágrimas que deram ao cabo de terminar de destruir-me. Quando retiro meus óculos é que percebo que algo me fazia falta nesse tempo. Eram os óculos. Mas ainda falta algo mais...

22/10/2011

This is it

Bem mais que o tempo que nos perdemos ficou para trás também o tempo que nos juntou... Ainda lembro que eu pegava o mesmo ônibus só para saber do seu final de semana. Isso foi antes de tê-lo. Os versos que eu fiz você ainda carrega na carteira. Isso é de ontem e de hoje. O vento desfaz o que há por dentro aos poucos, mas o nosso lugar no ônibus será sempre nosso lugar, de nenhum outro casal! Você está vendo o que está acontecendo? Nessa baderna sei que ainda estão os versos seus tão meus que peço nos versos meus tão seus que me esperem. Que me aceite depois de tudo porque em paz eu digo que eu sou o antigo desse que vai adiante. Sem mais, eu fico onde estou, você onde está. Prefiro continuar distante..

21/09/2011

Para minha ciência, notei minha consciência.

Vivo da escravidão que é viver atada ao que manda a minha consciência. Alimento-me assim, dia a dia, das poucas escolhas que posso fazer. Se não fosse a sua existência, Consciência, eu não sei o que seria de mim. Devo, então, agradecer-te ou ignorar-te? Para meu descontentamento, o seu despropósito acerca de mim, sempre vence. Fraca como sou e como me conheço diante daquilo que me leva a loucura, você impera antes ou depois e de uma forma ou de outra, a vilã é sempre você. Recosto minha cabeça no travesseiro e vivo de suspiros e lamentações do tipo "ai se..." ou do tipo "por que eu não pensei melhor?". Então pra quê bananas você me serviu? Por isso, vou avisando que seus dias estão contados, senhora. Já disse uma vez que seguiria minha estrela e cheguei a fantasiar em segredo o ponto aonde queria chegar. Eu vi grana e dor, minha palma da mão mostrou um paraíso perigoso... Tomei consciência hoje de que esta, velha e conhecida consciência, de nada vale, de nada vale, de nada vale mesmo, porque no final ela só aparece para apontar o dedo e dizer que avisou. Preciso mesmo de um novo sistema de comportamento baseado em recompensas melhores que a manutenção da minha integridade moral. Não tem mais espaço no mar para camarões que dormem, a onda acaba levando. Ou será que preciso aprender a ser livre?

04/07/2011

Pneus de carro cantam

Naquele clima de final de semestre, provas, pressão, a louca vontade de jogar tudo pro alto falou mais alto. Depois da meia noite viveu muito mais do que a Cinderela poderia ter vivido em sonho durante o dia. Risos altos, conversas despreocupadas e a noite inteiraaaaaaa sendo insanamente divertida. Cabelos ao vento, da janela do carro, o excesso de felicidade era transmitida para o silêncio que pairava nas ruas, e tudo parecia um sonho. E o frio não importava, o calor vinha de outro ombro mais que amigo e tudo pareceu perfeito. Acordou com a sensação de que perdera o juízo, nada parecia fazer sentido algum. Olhou ao redor e viu que, além dela mesma, tudo estava intacto...











Mas aonde é que estavam suas sapatilhas?

29/06/2011

Foi a cor dos olhos

Da minha janela eu podia ver claramente a luz entrar, eu podia ver ciscos de poeira que voavam a esmo. As definições sobre tudo me cabiam e me satisfaziam perfeitamente. Eu podia ter, da minha cama, os melhores sonhos e dos meus pensamentos, as maiores vontades. Da minha vida eu podia tomar o rumo que quisesse, podia escolher como seria o meu dia. Dos meus impulsos eu podia ser qualquer coisa e podia me pintar no papel que escolhesse. Mas isso foi antes. E logo eu que jurei por Deus não morrer por amor...



17/06/2011

Filosofia e Bem-Estar Animal

Desde antes de Cristo filósofos questionavam assuntos que despertavam interesse ou impactavam a vida. Aristóteles, filósofo da Antiguidade, exerceu influencia no pensamento, ação de seus contemporâneos e de pessoas da atualidade. Acreditava que animais estariam a serviço do homem para uso-fruto sendo, desprovidos de razão, fato que os distinguiria dos humanos.
Atualmente, a teoria Produtivista, cuja base filosófica vem das ideias de René Descartes, afirma que os humanos são os únicos membros da comunidade moral, sendo espécie pensante que possui o direito sobre o modo de vida dos animais. Muitos sistemas produtivos os subjugam em busca de lucro, sendo o sofrimento animal justificado pelo aumento da produtividade.
Apesar de não sermos filósofos não estamos desautorizados a comentar sobre “ética” na produção animal. A sociedade civil organizada e movimentos sociais trouxeram preocupações éticas com a produção animal. Estas preocupações foram acompanhadas por reflexões e trabalhos de diversos filósofos como Ruth Harrison, Willian Russel, Rex Burch, Peter Singer, Tom Regan, que apresentaram questões humanitárias e filosóficas, tomando ora posição moderada frente aos debates ora aliando-se a movimentos radicais.
Filósofos contemporâneos sentiram necessidade de novas reflexões acerca da abordagem do Bem-Estar no tocante à produção, experimentação e direitos animais. Ruth Harrison deu inicio a discussões sobre Bem-Estar Animal através do lançamento de seu livro, Animal Machines, onde denunciou maus tratos que os animais eram submetidos na criação confinada. A publicação impactou a comunidade européia chegando ao Parlamento Britânico que criou o comitê Brambell para analisar a situação. Isto abriu caminho para outros manifestarem-se sobre o assunto conturbado. Tom Regan, Stephen Clark e Bernard Rollin, passaram adiante a idéia de que animais têm direitos. Comitês e Conselhos de Bem-Estar foram criados como o FAWAC (Farm Animal Welfare Advisory Council), que posteriormente passou a ser FAWC (Farm Animal Welfare Committee) existindo atualmente e considerando que animais mantidos pelos homens devem estar protegidos de sofrimento e baseia suas considerações em 5 liberdades. Peter Singer e Tom Regan escreveram Animal rights and human obligations (1981) também impactando a nível global as considerações sobre Bem-Estar. A partir dessas novas visões e manifestações, criaram-se relatórios apresentando Códigos de Boas Práticas e Manejo. Tom Regan lançou outro livro, In defense of animal rights (2001), mostrando que o debate continua. Grupos, ONGs, conservacionistas, vegetarianos, protecionistas ou defensores da liberdade animal influenciam a ciência e prática de ações relacionadas ao Bem-Estar Animal baseados no pensamento dos filósofos do passado e contemporâneos.


Este foi outro texto enviado para mais uma tarefa da WSPA.

08/06/2011

Senciência Animal

Eis um texto feito por mim e por Emília Davanzo para uma tarefa da WSPA (Sociedade Mundial de Proteção Animal). Quem quiser saber mais sobre a sociedade, dá uma olhadinha no site: http://www.wspabrasil.org/. Vale muito a pena!

A senciência é um conceito intrinsecamente ligado aos humanos, e uma série de questionamentos surge quando o mesmo é estendido aos animais. Senciência significa ter capacidade de vivenciar sentimentos e emoções, poder sentir dor e sofrer, mas o oposto também é verdadeiro – o animal senciente também tem a capacidade de sentir prazer. Não sabemos em que ponto na escala evolutiva reside a linha limítrofe entre a presença e a ausência de senciência, porém, trabalhos científicos reúnem motivos e experiências que buscam sua comprovação.
Tem-se ainda muito ceticismo no meio científico e profissional em relação à senciência animal, mas se os animais são considerados então simples máquinas, como sugere a teoria do filósofo Descartes, como a semelhança com a inteligência humana, exibida por eles, pode ser explicada? Em estudos sobre preferências ambientais (Dawkins, 1980) galinhas puderam escolher entre viver em gaiolas ou livremente. As acostumadas a viver soltas, preferiram permanecer livres, já aquelas acostumadas a viver em gaiolas, em um primeiro momento preferiram-na, embora posteriormente escolheram a vida livre. Deste modo, a escolha é fortemente influenciada pela experiência anterior. Deve-se notar que o fato de as galinhas preferirem viver fora de uma gaiola não é indicativo de sofrimento, mas sim de que elas possuem a capacidade de escolha.
Evidências sobre senciência animal foram testadas em diversos experimentos. Pode-se citar como exemplo os trabalhos realizados por Marian Dawkins, ligados à galinhas, que através de uma série de experimentos mostrou que as aves desenvolviam habilidades para encontrar alimentos disfarçados no ambiente, demonstrando capacidades cognitivas nesses animais. Existem também trabalhos como os realizados por Yue com trutas arco-íris, onde as mesmas eram mantidas em um tanque dividido em duas câmaras. Uma luz era acesa em uma câmara, onde receberia um estímulo ameaçador, como uma rede, e para evitá-lo, a truta deveria nadar até a outra câmara do tanque. Todas as trutas aprenderam em um período de 5 dias a responder à luz nadando para o outro tanque, demonstrando não só a senciência do animal através da capacidade de sentir medo como também a capacidade de memória dos mesmos, demonstrando um desenvolvimento cognitivo semelhante aos dos mamíferos. Esse trabalho tem não apenas a importância de provar a senciência animal e com isso ser ponto de apoio para justificativas sobre o cuidado com o bem estar animal como também estende esse conceito aos peixes, animais comumente taxados de desprovidos de emoções.

Referências:

DAWKINS, M. Perceptual changes in chicks: Another look at the ‘search image’ concept. Department of Zoology, University of Oxford UK. Received 4 December 1970; revised 19 March 1971.

S Yue, R.D Moccia, I.J.H Duncan. Investigating fear in domestic rainbow trout, Oncorhynchus mykiss, using an avoidance learning task. Received 12 March 2003; received in revised form 3 September 2003; accepted 21 January 2004.

http://www.labea.ufpr.br/publicacoes/pdf/P%E1ginas%20Iniciais%202%20Senci%EAncia.pdf

http://www.afac.ab.ca/current/sentience/05mar.htm

http://www.oie.int/doc/ged/D2044.PDF

http://animalbehaviour.net/JudithKBlackshaw/Chapter3f.htm

01/06/2011

O tempo voa mais do que a canção

Ela não chorou quando o espinho da flor cruel que ela amou a machucou. A dor se arrastou por muito tempo, mas mesmo assim, nada de choro. Até que, ainda sensibilizada pela mesma dor, ela leu em algum lugar "Chora, Tistu, chora. É preciso. As pessoas grandes não querem chorar, e fazem mal, porque as lágrimas gelam dentro delas, e o coração fica duro." e então desatou a chorar, como nunca antes havia chorado. A citação foi o estopim, a razão que ela precisava para se libertar. E ela que se julgou forte, foi fraca quando muitas lágrimas vieram. Na calada da noite essas lágrimas, claras e salgadas e inquilinas da dor, vieram... E ainda que irmãs do desespero, elas a fizeram repensar em seus erros e a fizeram enxergar que a flor não era cruel, mas o seu espinho é quem lhe cravou uma marca profunda no peito, que já está cicatrizada e de lá não sairá mais.
Não precisou de meio dia para se sentir mais leve, foi instantâneo. E sentiu outra vez um vazio estranho, mas dessa vez era diferente. Não era fome. Comer não parecia tão importante. Estando ali, sozinha, de repente o seu pensamento focalizou alguém. E o seu coração apertou, mas não a deixou triste, pelo contrário, até deixou escapar um sorriso. Sentia-se alimentada por outra coisa. Dormiu e acordou com os mesmos pensamentos e estes a impulsionaram a ter um grande dia...
Quando o viu suas palavras saíram embaralhadas e suas mãos suaram. Então sua cabeça pensou direito, pode recuperar suas faculdades mentais por um momento, mas pouco depois perdeu-se novamente em sentimentos bons e confusos.

As borboletas que se confundem com dor de estômago voltaram. Mas agora não é mais dor, são elas mesmas. "Há quanto tempo, velhas amigas!! Não querem entrar e tomar uma xícara de café?" ela as convidou e prometeu que não vai mais tentar contê-las, pois já é hora de aceitar que os ventos mudam de direção e dessa vez, o vento as trouxe pra ficar e é bobagem lutar contra isso.



18/05/2011

Comportamentos

Podemos modelar nosso comportamento de acordo com o ambiente em que estamos inseridos. Somos plásticos, mutáveis, influenciáveis e sofremos degradação. As nossas qualidades não nasceram conosco, mas atualmente exibimos inúmeras. Algumas qualidades despontam mais que outras. Eu poderia ser o pior ouvinte do mundo, mas sou forçado a ouvir, em certas ocasiões. Eu poderia ser uma pessoa muito desonesta, mas sou honesta ao lidar com minha família. Nossa personalidade, esse nosso gênio, desenvolvemos ao longo dos anos. Nascemos crus. Fomos forçados a adotar uma postura de acordo com as diferentes experiências vividas. Nossos traços característicos continuam a evoluir e a amadurecer, ainda respiramos e mantemos contato com o mundo. Alguns traços mudaram bastante na adolescência. Outros mudam agora, nesse instante. Podemos mudar depois de ler um livro, assistir um filme, decepcionar-se ou surpreender-se com a atitude de um qualquer ou de alguém que exerceu influência na nossa vida. Podemos também fingir que nada está acontecendo e modular os nossos comportamentos de acordo com a nossa vontade. Muito mais fácil nos acomodar e esperar que o mundo gire ao redor do nosso umbigo.

O desafio para nós, seres humanos, por vezes, é definir quais traços do nosso caráter precisam ser trabalhados e aceitar que certos comportamentos, por mais que tenham sido expressados ao longo de uma vida inteira e tomados como verdade universal, não cabem mais numa determinada conjuntura. Não precisamos ter mais perdas do que ganhos para compreendermos isso, mas as vezes uma única perda pode ser derradeira para o choque de realidade que precisamos sentir para acordar.

Viver não é fácil, por vezes é um soco no estômago.

09/05/2011

Nádegas a declarar.

A pessoa desbundada sofre deveras mais do que a pessoa despeitada.

A desbundada jamais saberá o que falam por trás dela quando ela passa a não ser que o seu olho traseiro consiga visualizar tão bem quanto sente. A despeitada, por sua vez, tem a possibilidade de perceber olhares e comentários acerca do seu despeito. A despeitada também pode estufar o peito e seguir em frente, se ela estiver com a estima lá em cima. Nenhum homem deve se lembrar de uma mulher que não tem peitos do mesmo jeito que se lembra da que não tem bunda. A sem bunda é marcante.
Brasileiras desbundadas sofrem ainda mais, uma vez que grande parte da nossa fama no exterior é devido ao atributo volumoso que acompanha o corpo da grande maioria, ainda que não seja mérito portar tamanha musculatura na região glútea se há pouca massa cinzenta pensante. E sofrem ainda mais porque se estabeleceu uma ditadura das bundas grandes no país. Sintam o seguinte caso: A mulher desbundada decide comprar uma calça jeans maravilhosa que viu na vitrine de uma loja e descobre que a calça é desprovida de lycra. Eu digo pra vocês, NÃO COMPENSA nem provar a calça. Ficar passando vontade pra quê? É muito pano pra pouca bunda e o pano não vai colar nas suas nádegas. Na primeira sentada que a mulher der o tecido já empapuçou tudo. Então se ela decide levar a calça mesmo assim, a desprovida de bunda só vai enganar a si. Chega em casa, o namorado ainda tem a petulância de fazer um comentário do tipo "nossa mor, essa calça tá meio larga". Aí a mulher, no meio de uma crise da consciência ou eureka ou insight, chamem como quiser, diz: "NÃO, ela não está larga, SOU EU que não tenho bunda. Tá feliz agora?" e assim criou-se um desconforto muito grande no relacionamento da mulher com seu respectivo parceiro.
Conselho da noite: mulheres desbundadas, prefiram calças com lycra. E digo mais, com o cós alto, mas não tão alto que cubra seu umbigo. A intenção é ficar sensual ou simular a existência de uma bunda ali naquela planície. Acho que pior que desbundada é desbundada com o cofre aparecendo. Não cometam esse crime com vocês mesmas.
A despeitada bota um bojo, silicone, meia, estufa o peito ou aprende a viver com a situação. Já a coitada da sem bunda, vai fazer o quê? Nem sonhar com a entrada num grande grupo de funkeiras ela pode. Silicone na bunda? Não sei se o produto final ficará tão digno quanto mereceria. Ainda por cima, recebe apelidinhos carinhosos e a título de ilustração vou colocar aqui o menos maldoso: Fiat Uno. Jacaré também é bonitinho, né, gente?

Exageros e sarcasmo deixados de lado, me pronuncio em meu nome, sou aquela que não tem grande coisa de bunda, e em nome de todas aquelas que se sentem constrangidas de ter que subir uma escada sabendo que outra pessoa atrás a observa, se sentem constrangidas quando emagrecem e a primeira coisa que se esvai é o bumbum e por aquelas que simplesmente gostariam de ter uma bunda pra chamar de sua.
Mas ó, fica mais uma dica na noite: mais importante que bunda é ter jogo de cintura. Treinem e acreditem no potencial do seu rebolado.

20/04/2011

O show tem que continuar

Uma vez li que a vida é como Las Vegas: as vezes você ganha, as vezes você perde, mas no final você sempre leva a pior, mas isso não significa que você não se divertiu! Woody Allen teria dito isso.

Outra vez escutei no filme Lisbela e o Prisioneiro que viver é que nem andar de bicicleta: se parar cai.

E olha que tudo me faz muito sentido agora, como num poema lido no centro da cidade de Campinas que me fez acreditar que a rosa só me podia dar o seu perfume, o vento só sua brisa e o amor tudo e nada mais, aceito as definições de vida e contento-me com aquilo que cabe a mim receber.

30/03/2011

Agora! Criança é atacada por Pit Bull

Hoje, o programa Brasil Urgente, trasmitido pela emissora Band, cujo apresentador é ninguém melhor do que José Luis Datena, apresentou uma reportagem que se transcorria ao vivo com a seguinte manchete no rodapé da tela: Criança é atacada por Pit Bull. Um helicóptero sobrevoava a região, em que o garoto supostamente e inocentemente foi atacado pelo animal, sob as ordens do Comandante Amilton. Todos os dias manchetes sensacionalistas como essa são televisionadas por esse programa. O apresentador, desprovido de qualquer jogo de cintura e profissionalismo faz qualquer coisa para aumentar o seu ibope. Ele grita, faz cena, reclama e intima as autoridades, botando sempre a maior banca. Mas hoje, essa manchete exclusivamente me irritou mais que as outras. Me "emputeci" pelo fato de que seres humanos como ele e programas de baixo nível jornalístico como o dele sempre passam uma ideia generalizada negativa sobre o comportamento dos cães da raça pit bull. Me manifesto pois sou proprietária de uma linda cadela desta raça. Ela nunca agiu de forma agressiva e que trouxesse medo aos meus familiares e amigos e assim da mesma forma nunca tratamos ela com reforços negativos. Quando é necessário agir com pulso firme, a voz também se firma e nossa postura já revela o que dela queremos.
O que acontece na realidade para que as pessoas generalizem o comportamento da raça se deve ao fato de uma minoria estúpida acreditar que esses animais devem ser criados para serem agressivos e servirem de cães guarda ou serem treinados para rinhas, não passando carinho e bons tratos ao animal. Além disso, muitas pessoas adotam esses cães só para desfilar por aí com um animal bonito e bem torneado e depois que se cansam abandonam na rua, deixando-os sem abrigo, alimentação e sem boas condições de saúde. Isso não acontece somente com os pit bulls. Faço faculdade de Medicina Veterinária e no campus temos um hospital veterinário que atende toda a região e por esse fato, as minorias pensam que aqui temos a obrigação de recolher os animais da rua, cuidar de todos aqueles que foram abandonados no campus por pessoas desprovidas de qualquer senso que acham que aqui trabalha-se por filantropia. Mas não é por aí, não podem ir se aproveitando do Hospital e ir abandonando o animal de estimação. Este sofre com o abandono, tem problemas psicológicos como um ser humano e distúrbios podem se desenvolver. São animais sensientes, ou seja, que sentem também e não é porque andam sob quatro patas e não falam que merecem ser tratados como um ser inanimado. Se as pessoas recebessem mais educação e cultura ou simplesmente fossem mais interessadas nessas questões talvez não teríamos e veríamos tantos maus tratos contra animais. Se bem que as pessoas não respeitam nem os próprios semelhantes, difícil fazer um apelo em prol dos animais.
É um desafio desfazer essa imagem negativa sobre os pit bulls, mas o povo absorve mais facilmente aquilo que lhes "tacam" via tv.
A disciplina de Etologia, ciência que estuda o comportamento dos animais, nos provê uma boa base para discussões como essas. O comportamento de um animal depende de vários fatores: ambientais, psicológicos, fisiológicos, idiossincráticos, emocionais, patológicos e etc etc etc. O tratamento de um animal, seja ele de companhia ou de produção, requer tato, requer humanidade. Dependemos dos animais para quase tudo na vida: para vestir, para comer, para beber leite, para trabalhar e para gerar renda de forma geral, além de outras coisas. Dentro de uma população humana temos diversos tipos de comportamentos, pensamentos, estilos de vida, modos de pensar, temperamentos. Porque dentro do mundo animal seria diferente? Nos excluímos desse mundo? Somos bípedes e podemos falar. O quê mais? Podemos ludibriar, seduzir e maltratar os outros.
Um cachorro de qualquer raça pode ser agressivo. Fatores o fizeram ser assim. Há que se dar nome aos culpados e não culpar aqueles que foram condicionados a apresentar certas características. Ou será que o animal nasceu assim? Nunca foi um cachorrinho peludinho fofinho cheio de amor pra dar e pra receber? Pinschers são cachorros bem irritantes quando querem? Não são porque querem, são porque foram estimulados a ser; são porque estão defendendo seu território ou os seus donos; são porque possuem um comportamento de valor adaptativo; são porque precisam perpetuar a espécie e manter predadores e ameaças a distância; são porque...




Gente, está tudo errado. Do jeito que está não dá mais. Que coisa heim. Comandante Amilton no águia. Põe na tela! Agora! Criança é atacada por Pit Bull. Brasil, vem comigo, Brasil! Você também acha que o pit bull deve morrer? Ligue para (011) 8080 1155. --> É O QUE DATENA DIRIA SOBRE ESSE ASSUNTO


Mas o que você me diz?

28/03/2011

Simples assim




Tenho para mim que Monalisa não possuía as arcadas dentárias superiores e inferiores. Leonardo da Vinci a retratou fielmente, pintou sua boca murcha, e nós ficamos a estudar a Arte e a levantar hipóteses sobre esse sorriso.

23/03/2011

Máscara, outra vez

Poderiam ser borboletas no estômago, mas sei que não são. É falta de conteúdo mesmo e é queimação. Borboletas tóxicas e ela nem se apaixonou. Mas sexto sentido não falha, sorte foi ter reabastecido sua vida de omeprazol. Um dia ou outro tudo isto poderia acontecer, mas feito idiota ou cega, viveu acreditando que o amor era progressivo, como naquele velho conto do vigário: te amo mais que ontem e menos que amanhã. Deveria ter suspeitado naquele dia, depois daquele olhar, daquele aumento no tom de voz jamais escutado outrora.
Catando pedaços daquilo que um dia foi um coração ela caminha sem rumo, notícias boas surgem mas os fatos a fazem ignorá-las completamente. Impossível é fingir estar bem. Botar aquela velha máscara da hipocrisia que costumava usar diante de falsas sinceridades já não alivia mais e nem esconde a dor de estar e sentir.
Não é o fim do mundo, ela sabe que ninguém é insubstituível, no entanto faz parte do show viver a realidade de uma vida sem mentiras e sofrer por algo que se acreditou e tanto se doou. Não foi tempo perdido, mas porque passar por isso e vivenciar esse final com tamanha dor? Não encontra explicações, mas uma certeza é deveras incontestável: vai passar. Pelo menos é o que eles dizem.
Não liga se os amigos lhe aconselham a bebida, a balada, o riso... estes também passarão e de uma certa forma ela não deixa de fazer, até porque é nesse meio que ela bota a máscara e consegue aliviar-se por algumas horas.

Ela só quer gritar ao mundo que precisa de um espaço de tempo para que fique imune ao sorriso e a lembrança que hoje lhe trazem dor e a transformam nesse lixo.

14/02/2011

Estrelando José Serra como Joe



- Hey, Joe, where you goin' with that gun in your hand? Hey, Joe, I said where you goin' with that gun in your hand?

- I'm goin’ down to shoot my old lady. You know I caught her messin' 'round with another man




Tks, Jimi Hendrix

11/02/2011

Sobre emoções, saudades e lágrimas.

Não descobri ainda como mensurar as emoções. Quando eu conseguir isso, não contarei a ninguém, me tornarei eterna e dominarei o mundo!

Não sei de onde vem a saudade e não sei mensurá-la também. Só sei que se sente, as vezes uma saudadinha, outras vezes uma saudadona. As vezes sinto saudades daquilo que nem foi e que poderia ter sido.

Não sei conter minhas lágrimas, essas inquilinas da dor que, a maioria das vezes, na calada vêm, irmãs do desespero e rival da esperança.

No final das contas, saudades e lágrimas são puramente emoções. Poderia mensurar as lágrimas e um "lagrimômetro" me responderia boas questões se todos chorássemos pelos mesmos motivos. No entanto, para a minha e a sua infelicidade, as emoções não são exatas e nem podem ser tratadas com exatidão.

Idiota a gente que divide, subdivide, organiza e pinta emoções, achando que podemos carregar o fardo.

Certa vez uma professora nos disse em sala de aula: PERMITAM-SE!
E acho que foi uma das coisas mais inspiradoras e sinceras que eu já ouvi na vida.

One more time

Hoje, mas poderia ser ontem ou mesmo amanhã. Mas asseguro que foi hoje. Eu mesma vi. Ela estava lá, de corpo e sem alma. Seu pensamento focalizado em outros lugares, outras distâncias. A mesma sensação de ontem, de duas, três semanas atrás. Suas vestes cobriam seu medo e sua vergonha e embora tudo parecesse ótimo, só ela sabia a dor de estar ali. Sorrisos, abraços, cortejos, gentilezas, conversas, saudades. Tudo isto ao seu redor e nada em seu interior. Fez o seu papel, segurou a sua máscara para evitar transparecer sua angústia e embarcou, sem mesmo saber o porquê, rumo a um lugar seguro, que hoje foi a sua casa. E encontrou a sua paz ao sentir o calor do outro e a afetividade ainda que disfarçada nas linhas de expressão, no meio de um abraço murcho, mas sincero.