01/06/2011

O tempo voa mais do que a canção

Ela não chorou quando o espinho da flor cruel que ela amou a machucou. A dor se arrastou por muito tempo, mas mesmo assim, nada de choro. Até que, ainda sensibilizada pela mesma dor, ela leu em algum lugar "Chora, Tistu, chora. É preciso. As pessoas grandes não querem chorar, e fazem mal, porque as lágrimas gelam dentro delas, e o coração fica duro." e então desatou a chorar, como nunca antes havia chorado. A citação foi o estopim, a razão que ela precisava para se libertar. E ela que se julgou forte, foi fraca quando muitas lágrimas vieram. Na calada da noite essas lágrimas, claras e salgadas e inquilinas da dor, vieram... E ainda que irmãs do desespero, elas a fizeram repensar em seus erros e a fizeram enxergar que a flor não era cruel, mas o seu espinho é quem lhe cravou uma marca profunda no peito, que já está cicatrizada e de lá não sairá mais.
Não precisou de meio dia para se sentir mais leve, foi instantâneo. E sentiu outra vez um vazio estranho, mas dessa vez era diferente. Não era fome. Comer não parecia tão importante. Estando ali, sozinha, de repente o seu pensamento focalizou alguém. E o seu coração apertou, mas não a deixou triste, pelo contrário, até deixou escapar um sorriso. Sentia-se alimentada por outra coisa. Dormiu e acordou com os mesmos pensamentos e estes a impulsionaram a ter um grande dia...
Quando o viu suas palavras saíram embaralhadas e suas mãos suaram. Então sua cabeça pensou direito, pode recuperar suas faculdades mentais por um momento, mas pouco depois perdeu-se novamente em sentimentos bons e confusos.

As borboletas que se confundem com dor de estômago voltaram. Mas agora não é mais dor, são elas mesmas. "Há quanto tempo, velhas amigas!! Não querem entrar e tomar uma xícara de café?" ela as convidou e prometeu que não vai mais tentar contê-las, pois já é hora de aceitar que os ventos mudam de direção e dessa vez, o vento as trouxe pra ficar e é bobagem lutar contra isso.



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