08/06/2011

Senciência Animal

Eis um texto feito por mim e por Emília Davanzo para uma tarefa da WSPA (Sociedade Mundial de Proteção Animal). Quem quiser saber mais sobre a sociedade, dá uma olhadinha no site: http://www.wspabrasil.org/. Vale muito a pena!

A senciência é um conceito intrinsecamente ligado aos humanos, e uma série de questionamentos surge quando o mesmo é estendido aos animais. Senciência significa ter capacidade de vivenciar sentimentos e emoções, poder sentir dor e sofrer, mas o oposto também é verdadeiro – o animal senciente também tem a capacidade de sentir prazer. Não sabemos em que ponto na escala evolutiva reside a linha limítrofe entre a presença e a ausência de senciência, porém, trabalhos científicos reúnem motivos e experiências que buscam sua comprovação.
Tem-se ainda muito ceticismo no meio científico e profissional em relação à senciência animal, mas se os animais são considerados então simples máquinas, como sugere a teoria do filósofo Descartes, como a semelhança com a inteligência humana, exibida por eles, pode ser explicada? Em estudos sobre preferências ambientais (Dawkins, 1980) galinhas puderam escolher entre viver em gaiolas ou livremente. As acostumadas a viver soltas, preferiram permanecer livres, já aquelas acostumadas a viver em gaiolas, em um primeiro momento preferiram-na, embora posteriormente escolheram a vida livre. Deste modo, a escolha é fortemente influenciada pela experiência anterior. Deve-se notar que o fato de as galinhas preferirem viver fora de uma gaiola não é indicativo de sofrimento, mas sim de que elas possuem a capacidade de escolha.
Evidências sobre senciência animal foram testadas em diversos experimentos. Pode-se citar como exemplo os trabalhos realizados por Marian Dawkins, ligados à galinhas, que através de uma série de experimentos mostrou que as aves desenvolviam habilidades para encontrar alimentos disfarçados no ambiente, demonstrando capacidades cognitivas nesses animais. Existem também trabalhos como os realizados por Yue com trutas arco-íris, onde as mesmas eram mantidas em um tanque dividido em duas câmaras. Uma luz era acesa em uma câmara, onde receberia um estímulo ameaçador, como uma rede, e para evitá-lo, a truta deveria nadar até a outra câmara do tanque. Todas as trutas aprenderam em um período de 5 dias a responder à luz nadando para o outro tanque, demonstrando não só a senciência do animal através da capacidade de sentir medo como também a capacidade de memória dos mesmos, demonstrando um desenvolvimento cognitivo semelhante aos dos mamíferos. Esse trabalho tem não apenas a importância de provar a senciência animal e com isso ser ponto de apoio para justificativas sobre o cuidado com o bem estar animal como também estende esse conceito aos peixes, animais comumente taxados de desprovidos de emoções.

Referências:

DAWKINS, M. Perceptual changes in chicks: Another look at the ‘search image’ concept. Department of Zoology, University of Oxford UK. Received 4 December 1970; revised 19 March 1971.

S Yue, R.D Moccia, I.J.H Duncan. Investigating fear in domestic rainbow trout, Oncorhynchus mykiss, using an avoidance learning task. Received 12 March 2003; received in revised form 3 September 2003; accepted 21 January 2004.

http://www.labea.ufpr.br/publicacoes/pdf/P%E1ginas%20Iniciais%202%20Senci%EAncia.pdf

http://www.afac.ab.ca/current/sentience/05mar.htm

http://www.oie.int/doc/ged/D2044.PDF

http://animalbehaviour.net/JudithKBlackshaw/Chapter3f.htm

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