06/09/2009

Sem mais, N.C.B.

Campinas, 21 de agosto de 2009.

À Jornalista Anna Paula Buchala:

Li no site da revista Veja uma matéria que você escreveu sobre nós, adolescentes. Tenho que discordar de você quando coloca que “os adolescentes de hoje são pouco idealistas e estão bastante desorientados”, por estarmos “inseridos nesse mundo digital”. Nós somos o futuro da nação. Geração corta e cola. Caso você queira ou não.
Que passamos boa parte do dia entretidos com videogames, conectados na internet ou falando em nossos celulares é bem verdade. Mas isso porque nascemos numa época diferente da sua. Você há de concordar comigo que na sua época, por exemplo, os adolescentes não precisavam amadurecer diante dos perigos de uma criminalidade desatada. Você pôde soltar pipa, jogar bola na rua, ser uma criança ingênua...
Somos filhos da Revolução Tecnológica. Com ela vamos mudar o mundo. E quem não embarcar conosco agora corre o risco de perder o emprego.
Apesar de ser só uma em meio a aproximadamente 1 bilhão de adolescentes no mundo todo tenho um sonho, escrevo melhor, um ideal: ajudar a consertar os grandes problemas da minha cidade, do meu estado, do meu país e por que não do mundo?, que a geração passada não conseguiu dar um jeito e só ajudou a agravar. Vai sobrar para quem? Efetivamente para nós, os subestimados adolescentes de hoje.
Existem sim, Anna, adolescentes desorientados e angustiados, MAS não é necessariamente por estarmos “inseridos nesse mundo digital”. Estão desorientados devido às pressões invisíveis do tipo “o quê vou ser quando crescer?”, “você vai fazer medicina, vai ser doutor!”, “odeio direito, quero fazer relações públicas”, derretimento das calotas polares, efeito estufa, Terceira Guerra Mundial e questões de outros âmbitos que tocam diretamente em quem fará o futuro.
Anna Paula, você como jornalista deveria manter a sua mente aberta, estar disposta a ouvir o novo ainda que isso coloque abaixo suas crenças antigas. Não sei ao certo qual a sua idade, mas uma vez li um provérbio sobre mudanças, de Douglas Adams, que diz algo mais ou menos assim: o que existia antes de nascermos era normal, depois, o que surge quando somos jovens pode até se tornar uma carreira a seguir; mas o que aparece depois dos 30 é anormal, o fim do mundo, até que tenha se firmado por uma década, quando começa a parecer normal.
Por mais que as velhas tendências sempre voltem em voga, isso funciona geralmente com roupas. Com as novas tendências, novas formas de encarar a vida e viver a realidade surgem. O que é fato hoje é que se você existe, você existe na rede, em tempo real, o tempo todo.
Anna, falta quanto tempo para completar a última década?

Sem mais,

N. C. B.


Como sempre coloco minhas redações aqui, esta é a 2ª carta argumentativa que escrevi. A primeira tá aqui no blog, um lixo .-. Essa fui melhor.

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