02/01/2010

Globalização, o delírio do dragão!

Nas ruas da cidade os homens continuam a lutar como dragões: cuspindo fogo, canalizando negativas vibrações.
Estranhos semelhantes disputando o poder. Dispostos, postos a derrubar, acostumados a se esconder.
No gueto, não há nada de novo, além do sufoco que nunca é pouco, além do medo e do desemprego, da violência e da impaciência de quem partiu para o desespero numa ida sem volta, além da revolta de quem vive às voltas com a exploração e a humilhação de um sistema impiedoso.
Nada de novo, além da pobreza e da tristeza de quem se sente traído e esquecido ao ver os filhos subnutridos e sem educação crescendo ao lado de esgotos, banidos a contragosto pela sociedade e declarados bandidos sem identidade que serão reprimidos em sumária execução, sem nenhuma apelação.
Falsos e covardes tentando sugar dos demais a força e a vida esquecida em seu interior. Fracos invejosos, incapazes de apreciar qualidades e de reproduzir o amor.
Não há nada de novo entre a terra e o céu. Nada de novo senão houvesse o dragão e seu tenebroso véu de destruição e de fogo, sugando sangue do povo, de geração a geração, especulando pelo mundo todo... É só o velho sistema do dragão!
Não pensam em diminuir ou domar a voracidade e a sacanagem do capitalismo selvagem, com seus tentáculos multinacionais querem mais e mais e mais... Lucros abusivos, grandes executivos são seus abastados serviçais. Não se importam com a fome, com os direitos do homem. Querem abocanhar o globo, dividir em poucos o bolo. Deixando migalhas pro resto da gentalha, em seus muitos planos. Não vêem seres humanos e os seus valores, só milhões e milhões de consumidores. São tão otimistas em suas estatísticas e previsões. Falam em crescimento, em desenvolvimento por muitas e muitas gerações.
Não sentem o momento crítico, talvez apocalíptico. Os tigres asiáticos são um exemplo típico que agora mais parecem gatinhos raquíticos e asmáticos. Se o sistema quebrar será questão de tempo até chegar o desabastecimento e o racionamento. (Que sinistra situação!) O globo inchado e devastado pela superpopulação. Tempos de barbárie virão, tempos de êxitos e dispersão. A água pode virar ouro, o rango um rico tesouro.
Só quero o que é meu, não quero o de mais ninguém. Só vou buscar o que Deus me deu, eu não quero roubar o que é seu.
Globalização é uma falsa noção do que seria a integração, com todo respeito a integridade e a dignidade de cada nação. É o infeliz do grande capital, o poder da grana internacional que faz de cada país apenas mais um no seu quintal. É o poder do dinheiro movendo o mundo inteiro.
Ainda é possível acreditar que o bem pode se propagar e que os homens possam vir a deixar o egoísmo de lado, a reconquistar a humildade e a aprender a se respeitar?
Não quebraremos as barreiras que nós mesmos erguemos, pois sinceramente não apreciamos os demais e a nós mesmos.
Ficaremos como ficamos agora:
Ricos cada vez mais ricos e metidos. Pobres cada vez mais pobres e falidos.


Esse texto é uma combinação de duas músicas de duas bandas que eu gosto muito, Ponto de Equilíbrio e Tribo de Jah. Editei algumas partes, mudando a ingênuidade, talvez esperança ou palavras de um futuro bom que o Ponto quis transmitir deixando o texto fatalista. Com a Globalização da Tribo, não mudei nada. Simplesmente amo as duas músicas, achei a idéia das duas muito boas, muito real e poética. Mais um exemplo de movimentação social ou tentativa de mudança de posição e pensamentos através das artes. Vale a pena conferir o trabalho das duas bandas.

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