12/02/2012

SHOC,

É difícil viver longe de quem se ama.
Falta o abraço não dado nos momentos em que se necessita dar, o calor do abraço não recebido, o afago das mãos, o beijo, o colo acolhedor, o bom dia com cara de sono, o fazer nada juntos, o rir da vida, o caminhar despojado e sem intenções de chegar a algum lugar, a correria e a parceria, o amor em todos os seus sentidos e suas formas de expressão, o ombro que acalenta o choro, o filme na terça-feira, a pipoca na quinta, o coçar na sexta-a-noite, o cinema no domingo de manhã, o sorriso amarelo pós coca-cola... em suma, falta o dia-a-dia.

É injusto ter o hoje com os seus méritos e amanhã perdê-los devido ao acaso do destino.
É injusto ter que saber lidar com o novo sem ter nascido sabendo como fazer.
É injusto ter que ser forte quando a distância deixa lacunas pela estrada.
É injusto ter que tolerar que se perde aquilo que se gosta porque a distância não sabe brincar de ser legal.

A distância parece injusta, mas ao mesmo tempo, sabe o que faz. Se não fosse a distância entre o sol e a lua, esta não brilharia refletindo a luz emitida pelo sol e não seria tão bonita aos olhos de quem a vê.
A distância dá saudade e oportunidade aos amantes sentirem falta um do outro, fazendo os encontros sempre valerem a pena.

Que esta dor, causada pela saudade, causada pelo desejo de estar junto, causado pela distância, causada pelos caminhos escolhidos, causados pela sorte de cada um, causada pelo dia em que te conheci, me amadureça e fortaleça, para que eu consiga te reencontrar, quando possível, sabendo lidar com o fato de te amar e não poder estar contigo da forma como queríamos que fosse.
   
"De que vale um pingo d'água no meio da corrente? De que vale amor bonito, ai meu deus do céu, longe do olho da gente?" diz, em meus ouvidos, a ladainha da capoeira que um dia com arrepios de emoção ouvi numa roda.