30/03/2011

Agora! Criança é atacada por Pit Bull

Hoje, o programa Brasil Urgente, trasmitido pela emissora Band, cujo apresentador é ninguém melhor do que José Luis Datena, apresentou uma reportagem que se transcorria ao vivo com a seguinte manchete no rodapé da tela: Criança é atacada por Pit Bull. Um helicóptero sobrevoava a região, em que o garoto supostamente e inocentemente foi atacado pelo animal, sob as ordens do Comandante Amilton. Todos os dias manchetes sensacionalistas como essa são televisionadas por esse programa. O apresentador, desprovido de qualquer jogo de cintura e profissionalismo faz qualquer coisa para aumentar o seu ibope. Ele grita, faz cena, reclama e intima as autoridades, botando sempre a maior banca. Mas hoje, essa manchete exclusivamente me irritou mais que as outras. Me "emputeci" pelo fato de que seres humanos como ele e programas de baixo nível jornalístico como o dele sempre passam uma ideia generalizada negativa sobre o comportamento dos cães da raça pit bull. Me manifesto pois sou proprietária de uma linda cadela desta raça. Ela nunca agiu de forma agressiva e que trouxesse medo aos meus familiares e amigos e assim da mesma forma nunca tratamos ela com reforços negativos. Quando é necessário agir com pulso firme, a voz também se firma e nossa postura já revela o que dela queremos.
O que acontece na realidade para que as pessoas generalizem o comportamento da raça se deve ao fato de uma minoria estúpida acreditar que esses animais devem ser criados para serem agressivos e servirem de cães guarda ou serem treinados para rinhas, não passando carinho e bons tratos ao animal. Além disso, muitas pessoas adotam esses cães só para desfilar por aí com um animal bonito e bem torneado e depois que se cansam abandonam na rua, deixando-os sem abrigo, alimentação e sem boas condições de saúde. Isso não acontece somente com os pit bulls. Faço faculdade de Medicina Veterinária e no campus temos um hospital veterinário que atende toda a região e por esse fato, as minorias pensam que aqui temos a obrigação de recolher os animais da rua, cuidar de todos aqueles que foram abandonados no campus por pessoas desprovidas de qualquer senso que acham que aqui trabalha-se por filantropia. Mas não é por aí, não podem ir se aproveitando do Hospital e ir abandonando o animal de estimação. Este sofre com o abandono, tem problemas psicológicos como um ser humano e distúrbios podem se desenvolver. São animais sensientes, ou seja, que sentem também e não é porque andam sob quatro patas e não falam que merecem ser tratados como um ser inanimado. Se as pessoas recebessem mais educação e cultura ou simplesmente fossem mais interessadas nessas questões talvez não teríamos e veríamos tantos maus tratos contra animais. Se bem que as pessoas não respeitam nem os próprios semelhantes, difícil fazer um apelo em prol dos animais.
É um desafio desfazer essa imagem negativa sobre os pit bulls, mas o povo absorve mais facilmente aquilo que lhes "tacam" via tv.
A disciplina de Etologia, ciência que estuda o comportamento dos animais, nos provê uma boa base para discussões como essas. O comportamento de um animal depende de vários fatores: ambientais, psicológicos, fisiológicos, idiossincráticos, emocionais, patológicos e etc etc etc. O tratamento de um animal, seja ele de companhia ou de produção, requer tato, requer humanidade. Dependemos dos animais para quase tudo na vida: para vestir, para comer, para beber leite, para trabalhar e para gerar renda de forma geral, além de outras coisas. Dentro de uma população humana temos diversos tipos de comportamentos, pensamentos, estilos de vida, modos de pensar, temperamentos. Porque dentro do mundo animal seria diferente? Nos excluímos desse mundo? Somos bípedes e podemos falar. O quê mais? Podemos ludibriar, seduzir e maltratar os outros.
Um cachorro de qualquer raça pode ser agressivo. Fatores o fizeram ser assim. Há que se dar nome aos culpados e não culpar aqueles que foram condicionados a apresentar certas características. Ou será que o animal nasceu assim? Nunca foi um cachorrinho peludinho fofinho cheio de amor pra dar e pra receber? Pinschers são cachorros bem irritantes quando querem? Não são porque querem, são porque foram estimulados a ser; são porque estão defendendo seu território ou os seus donos; são porque possuem um comportamento de valor adaptativo; são porque precisam perpetuar a espécie e manter predadores e ameaças a distância; são porque...




Gente, está tudo errado. Do jeito que está não dá mais. Que coisa heim. Comandante Amilton no águia. Põe na tela! Agora! Criança é atacada por Pit Bull. Brasil, vem comigo, Brasil! Você também acha que o pit bull deve morrer? Ligue para (011) 8080 1155. --> É O QUE DATENA DIRIA SOBRE ESSE ASSUNTO


Mas o que você me diz?

28/03/2011

Simples assim




Tenho para mim que Monalisa não possuía as arcadas dentárias superiores e inferiores. Leonardo da Vinci a retratou fielmente, pintou sua boca murcha, e nós ficamos a estudar a Arte e a levantar hipóteses sobre esse sorriso.

23/03/2011

Máscara, outra vez

Poderiam ser borboletas no estômago, mas sei que não são. É falta de conteúdo mesmo e é queimação. Borboletas tóxicas e ela nem se apaixonou. Mas sexto sentido não falha, sorte foi ter reabastecido sua vida de omeprazol. Um dia ou outro tudo isto poderia acontecer, mas feito idiota ou cega, viveu acreditando que o amor era progressivo, como naquele velho conto do vigário: te amo mais que ontem e menos que amanhã. Deveria ter suspeitado naquele dia, depois daquele olhar, daquele aumento no tom de voz jamais escutado outrora.
Catando pedaços daquilo que um dia foi um coração ela caminha sem rumo, notícias boas surgem mas os fatos a fazem ignorá-las completamente. Impossível é fingir estar bem. Botar aquela velha máscara da hipocrisia que costumava usar diante de falsas sinceridades já não alivia mais e nem esconde a dor de estar e sentir.
Não é o fim do mundo, ela sabe que ninguém é insubstituível, no entanto faz parte do show viver a realidade de uma vida sem mentiras e sofrer por algo que se acreditou e tanto se doou. Não foi tempo perdido, mas porque passar por isso e vivenciar esse final com tamanha dor? Não encontra explicações, mas uma certeza é deveras incontestável: vai passar. Pelo menos é o que eles dizem.
Não liga se os amigos lhe aconselham a bebida, a balada, o riso... estes também passarão e de uma certa forma ela não deixa de fazer, até porque é nesse meio que ela bota a máscara e consegue aliviar-se por algumas horas.

Ela só quer gritar ao mundo que precisa de um espaço de tempo para que fique imune ao sorriso e a lembrança que hoje lhe trazem dor e a transformam nesse lixo.