24/12/2009

Normal

É quando as coisas iam bem que ela sentia-se mal. Mal... tinha tudo fácil, estava enfim sendo reconhecida por todo o seu esforço. Não precisava mostrar serviço. Estranho. Nunca fora tão tranquilo assim. Sentia um vazio, uma vontade de uma discussão para adoçar a vida. Uma vontade de chorar. Encontrava pêlo em ovo para ter motivo de ser triste. Mas as coisas andavam muitíssimo bem, obrigado. Leve tendência depressiva. Mas que coisa... Queria voltar a se sentir do avesso, de ponta cabeça, para querer novamente ser o centro das atenções, querer que alguém a reconhecesse. Chegar no topo não é fácil e quando se consegue tal feito a graça vai embora. Por isso quer tanto ser rica, mas ao mesmo tempo não totalmente. Não quer que a graça diga adeus. Quer o êxtase diário da preocupação, do esforço voluntário, da labuta. Quer permanecer pra sempre no clímax, sem ganhar, sem perder, sem ponto final. Mas também não quer uma vida mediana. Quer o status sem incômodo. Quer ser famosa e que os fãs saibam quando "atrapalhar". Chego na seguinte conclusão: ela só pode ter dupla personalidade.

22/12/2009

Ter ou Não Ter ao invés de Ser ou Não Ser

Fumar um cigarro, ter um carro importado. Uma dose de conhaque, uma garrafa de água mineral sem gelo, por favor. O que é de gosto é regalo da vida.

Sucesso profissional ou engrandecer pessoal. [...] Encarar a vida como efêmera passagem pela Terra ou utilizar-se da expressão "carpe diem" como lema de vida.

A busca da felicidade move pessoas, move a economia, move o consumo. Em busca da felicidade muitos somos e estamos. Mudamos de casa, compramos roupas novas a cada nova estação, fazemos um piquenique.

Alguns acreditam que viemos ao mundo, nascemos, para sermos felizes e a tristeza não nos pertence e somente nos atinge quando estamos com a "imunidade baixa". E alguns de nós, com essa tal "imunidade baixa", para tapar a ferida que é ser infeliz, que é existir, automutilam-se, drogam-se, compram, vendem-se.

Algumas pessoas vivem em um mundo pararelo, no cyber espaço, buscando a felicidade ou criando-a em novos personagens, perfeitos [...]. Criações, aspirações humanas.

Outras pessoas encontram a felicidade em cirurgias plásticas e associam-na a padrões de beleza pré-estabelecidos e atuais.

O que é fato, de um modo geral, é que esse "novo tipo de pessoas" que estamos, gradativamente, nos transformando, tem buscado a felicidade externamente e relacionada sempre ao consumo e à receitas prontas de "Como Viver Sua Vida Da Melhor Maneira Possível Em Dez Lições".

Precisamos ter para ser. Precisamos ter sempre um drique na mão para nos tornar mais sociáveis. Precisamos nos transformar em outras pessoas...

E não nos damos por satisfeitos. Subjugamos tudo que está a nossa volta ao nosso favor, sejam animais, a natureza e até os seres humanos, nossos semelhantes, porém os "inferiores"... tudo isso à nossa mercê. O que nos torna diferente de outros seres? A nossa biologia deve ser melhor mesmo...

O que é importante, enfim, sermos honestos, cidadãos íntegros e de bom caráter ou satisfazer aos nossos requisitos?

Ser honesto, íntegro e bom caráter "não está com nada", é motivo de piada. O mundo, efetivamente, e a felicidade também, pertence aos espertos.

Acabo acreditando que a "humanidade é desumana" e a felicidade que emana de cada um de nós é uma mentira. "Mas ainda temos chance. O Sol nasce pra todos, só não sabe quem não quer."

Vai vendo.

Estamos muito preocupados com as nossas atitudes perante uma sociedade. Somos todos hipócritas, não somos o que verdadeiramente somos ou deveríamos ser. Tanto tato para encobrir uma verdade. Deveríamos ser mais sinceros com a gente mesmo e com as pessoas ao redor. Parar com essa história de colocar panos quentes. Soltar mais as nossas feras. Dar ou indicar simancol pras pessoas sem noção, sabe? Deixamos os outros tomarem conta da nossa vida numa boa (já que não somos capazes de cuidar dela). Palhaçada. Tenho vergonha do que somos. Tenho vergonha e não é alheia. Estou me incluindo nessa patifaria que é viver, que é ter que fingir. Estou cansada de gentinhas, povinho mexeriqueiro, que se diz muito bom, muito correto mas é podre, é sujo, é vil. Uma tem carinha de boa moça, boa esposa, boa mãe. Não passa de uma jararaca, surucucu, suçuarana. Com seus tentáculos e suas unhas bem feitas manipula as pessoas ao seu redor, só quer que a sua vontade seja atendida. Chega do seu papelzinho ridículo. O outro tem que comer o diabo que o pé amassou com o pão e não toma partido nenhum. Prefere viver pacificamente, tendo roupa lavada, comida passada do que efetivamente colocar em risco a sua vida de conforto, no fundo, mas nem tão no fundo assim, infeliz. A outra vivendo em seu mundinho fechado, incrível, com seus paetês coloridos, fingindo também uma felicidade, suportando até onde der, planejando uma fuga de casa para quando encontrar o pote de ouro no final do seu arco-íris onírico. Falar, falar, falar mal. Fala na cara, alivia bem mais. É que me faltou oportunidade. Mas não há de faltar. Então falará.

14/12/2009

Amém

A sociedade do século 20 foi a sociedade do trabalho. A do século 21 é a do procurar trabalho.

Há uma grande preocupação com o desenvolvimento tecnológico, científico e com esse "novo progresso". A população cresce, o trabalho mingua, as oportunidades estreitam-se a poucos. Não criou-se um sistema tecnológico que garanta dignidade, salário (diga-se de passagem decente) e emprego a todos, até agora. E nem vão criar, porque não são máquinas que devem solucionar esses problemas, são cabeças humanas. Como são humanos os que trabalham com máquinas e são os mesmos que as fazem, o que esperar do futuro, se até agora não tivemos soluções nesses aspectos?

Do futuro eu não sei, só sei que temos o atual Papa elogiando o lucro, que não nos torna irmãos, como sistema incancelável e provedor do progresso. (Segundo os Engenheiros do Hawaii, o Papa é pop. Depois dessa devo reiterar que o Papa deixou de ser pop para virar classe média alta.)

Falar de problemas alheios e posicionarmos a favor ou contra, sem ter vivido uma determinada situação, é fácil. Advertir até o Ministério da Saúde adverte. A prática é que é difícil.

Faz tempo nos tornamos Super Heróis. Aprendemos a enfrentar chuvas e sóis, filas de banco, INSS, SUS, agências de emprego. O Brasileiro, é antes de tudo, um forte. Os antropólogos, sociólogos, filósofos, nutrólogos e o Papa que me desculpem, mas pais e mães de família querem visibilidade, querem inteiro e não pela metade, querem ser felizes também, querem "tapar os buracos" nos estômagos próprios e de seus filhos. Sem "papo furado", por favor. Por mais Super Heróis que tenhamos nos tornado ainda não aprendemos a fazer milagre.

A globalização é a velha onda, o império do capital faz a sua rotineira ronda. Não há nada de novo. Temos o tripé da sociedade do século 21: ou nos acostumamos com a nossa situação de correria, desemprego, concorrência, ou nos cansamos e nos desviamos do "bom caminho", ficamos à margem, deixamos de ser "o sorriso da sociedade" e utilizamo-nos do crime, da ilegalidade para sobreviver, ou então e por último rogamos assim:
- Papa, olhe por nóis. Pede pro seu 'Deus' multiplicar os pão? Amém.



Usei coletânea própria de outros textos que fiz, usei um trecho da música Globalização que eu postarei num próximo post. Esse texto foi o que lembrei do que escrevi na prova da UFSCAR ontem, faltaram alguns trechos... não lembro .-.

12/12/2009

Discurso de formatura

Conseguimos, eu e a Bruna, escrever o nosso texto de oradoras de turma. Ficou do jeito que queríamos, e bom, eu sou suspeita pra falar, mas gostei muito. O problema, hehe, é que eu não consegui ler plenamente. Acabei me emocionando no meio do discurso e chorei. Ok, sem mais lamúrias, segue o texto logo aí embaixo. O que tá escrito (Nati) foi eu quem escrevi, o que tá (Bru) foi a Bruna.


(NATI) Boa noite Senhores Diretores, Caros Professores, Queridos Pais e Familiares, "MENINOS, MENINAS E ETC".

(BRU) Queremos, neste encerramento, não definitivo, mas o início de uma nova etapa em nossa vida, agradecer em primeiro lugar a Deus, aos nossos pais, que nos colocaram neste mundo, aos nossos mestres, todos, sem exceção, incluindo-se aí a Direção e os funcionários desta entidade pelo nosso engrandecer no aprendizado.

(NATI) De tudo houve um começo. Passamos pelo Cotil feito “bixos” doidos por conhecer, por viver, na ânsia de ultrapassar provas, dias, férias...
Não demos pelo fim.
E aqui estamos hoje feito homens, mulheres, quase técnicos, muito mais humanos.

(BRU) A mudança como em tudo no início foi difícil, e como é difícil chegar a este final tão feliz, tão esperado, e que hoje queríamos que fosse uma eternidade. Vamos todos juntos viver a vida procurando sempre o melhor em tudo, e fazer do futuro que temos pela frente um mundo cada vez melhor.

(NATI) Para mim é sempre ontem. A saudade, o sonho de passar no Cotil, o primeiro dia de aula, o trote...
Não tenho o amanhã. Como é que eu vou falar do amanhã se eu mesma tão pouco o sei?

(BRU) Parece brincadeira, mas o tempo faz isso com a gente: contagem regressiva para iniciar o ensino médio (ah! como foi duro e bom esse caminho); contagem regressiva para as primeiras experiências como técnicos: feiras, viagens; contagem para aquele churrasco, o primeiro de tantos outros; contagem para a final do Cotil Arte, com os dons de cada participante se aflorando e dando um ar artístico ao nosso cotidiano; contagem para Porto Seguro, axé, balada e alegria, (nossa, assim essa saudade me mata); contagem para as primeiras decisões e contatos com o mercado de trabalho: vestibulares, entrevistas, estágios.
Por mais que a gente queira, o tempo nunca para, pois é a roda da vida e cabe a nós todos aproveitar cada momento da melhor maneira possível.

(NATI) O que será de nós? Acordar cedo sem um propósito... Poder dormir até tarde... Começar um novo ciclo. Só posso desejar boa sorte.
O tempo, que aos outros que pelo Cotil passaram, fugiu. Caiu sobre nós agora.
O Cotil é uma escola que teria tudo para separar as pessoas, pois cada um é de uma cidade, tem sotaque diferente, visões diferentes... Mas o que acontece na prática é que, dia após dia, as relações se estreitaram mais.

(BRU) A dor de barriga diante daquela prova de topografia, o desejo insaciável de terminar aquele projeto de concreto armado,

(NATI) a sequela que aquela prova de estrutura de dados deixou, a tremedeira antes de entrar no centro cirúrgico pela primeira vez, a decoreba inevitável de alguns itens de uma norma,

(BRU) aquela pressa para terminar o trabalho de campo sob aquele sol ardente, e aquele tcc? Deu um trabalho danado para fazer aquela ponte rolante...

(NATI) Essas entre outras situações cotidianas só fizeram aumentar o companheirismo, a união, a amizade.

(BRU) Esse compartilhamento de sabedorias e vivências fez toda a diferença.

(NATI) Para alguns o Cotil é mais que uma escola; é casa, é refúgio, é o melhor lugar do mundo! Os amigos são bem mais que amigos, são irmãos, são família, uma parte quase vital de cada um.
Em momentos como estes, precisamos ter amigos como esses. A dor, eu sei, é grande e o vazio é enorme, mas faz parte deste ciclo não tem nada a ver com sorte.
Ergam suas taças e façamos um brinde. Nós iremos partir. Longo será o caminho a seguir e nada será como costuma ser. Nada vai ser fácil pra você, nada vai ser fácil pra nós.
Já passou o tempo de se arrepender, a reta já chegou ao final. Agora eu quero que a estrada venha sempre até você e que o vento esteja sempre a seu favor. Quero que haja sempre uma cerveja em sua mão e que esteja ao seu lado, seu grande amor.
Eu “não sei se a vida é curta ou longa demais para nós, mais que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas”.
Eu me despeço de todos vocês, muitos aqui não verei outra vez. Fora o inverno e o tempo ruim, eu não sei o que espera por mim, mas, sinceramente, pouco importa o que venha a ser se eu tiver um dia a quem dizer que valeu a pena cada minuto, cada conversa, cada truco na cantina, cada bandejada... Tá, bandejão nem tanto...

(BRU) Agora nos vem a pergunta: por que encher a boca para falar desta escola? Talvez porque nesses três anos muita coisa mudou na nossa vida e mudou para melhor, talvez porque crescemos e amadurecemos ou talvez porque descobrimos tantos amigos. Mas, na verdade, a resposta correta para essa pergunta é: "PORQUE COTIL É MAIS LEGAL".

(NATI) Se pudéssemos guardar as pessoas num pote para tê-las sempre por perto, guardaríamos aquele garoto, aquele bombom... entre outras jóias. Olharíamos pro pote e perguntaríamos para as pessoas dentro dele: "FICOU LEGAL? ALGUMA CONSIDERAÇÃO QUE VOCÊ TENHA A FAZER?" Às sextas feiras diríamos: "BOM FINAL DE SEMANA, DIVIRTAM-SE E CUIDADO!".

(BRU) Por que será que tem que ser assim? A gente gosta, a gente ama, a gente cuida! E o tempo faz verdade nos teus olhos, deixa ver, solidão abusa. Foi tão bonito, tão intenso, tão maravilhoso cada segundo, e a vida nos revela cada dia uma nova cena de um outro mundo.
Se chega, me beija, me olha nos olhos e me diz então: Valeu, foi bom, Adeus!
Não vou chorar, nem vou me arrepender, foi eterno enquanto durou, foi sincero o nosso amor, mas chegou ao fim (2x)